Logo da Fiat tem fundo escurecido na versão topo  - Lucas Cardoso
Logo da Fiat tem fundo escurecido na versão topo Lucas Cardoso
Por Lucas Cardoso

A estratégia de 'esportivar' carros não é novidade entre as montadoras, mas fazia algum tempo que a Fiat não investia nesse tipo de versões para os seus sedãs. A configuração Sporting do Siena foi uma das últimas tentativas da marca. Por diversos motivos, como a falta de características que realmente justificassem a nomenclatura, a versão não se saiu tão bem nas vendas. Oito anos depois e cá estamos. Agora é a vez do Cronos ganhar opção nesse perfil. Topo de gama, a HGT é vendida por R$ 78 mil e se inspira no irmão Argo, porém sem incrementar a mecânica com nenhum tempero adicional.

Já que o apelo é puramente visual, vamos focar a avaliação no que de fato o modelo traz como diferencial. Ao contrário do Siena Sporting, que não tinha bom 'body kit', a variante 'esportivada' do Cronos acerta nas escolhas que faz. Por fora, vem com rodas de liga aro 17, spoiler e retrovisores em preto, grade frontal com acabamento em black piano, maçanetas na cor do veículo e logos Fiat escurecidos.  A versão avaliada incluía, ainda, teto preto. Tudo para deixar o sedã com pegada de mal. E não é que funcionou.

A traseira é incrementada por um spoiler alongado na tampa do porta-malas. Peça é pintada de preto, independente da pintura - fotos de Lucas Cardoso

Mas a pegada agressiva para por aí. A opção não tem nenhuma mudança mecânica em relação a Precision 1.8, antiga opção topo. Segue o motor 1.8 E.torQ de 139 cavalos de potência a 5.750 rpm e 19,3 kgfm de torque aos 3.750 giros. O câmbio automático de seis velocidades e os ajustes das suspensões também são iguais.

Durante uma semana, conferimos o comportamento da versão na prática. Foram cerca de 300 km percorridos em perímetro urbano e rodoviário. Nessa avaliação, o Cronos HGT provou o que já imaginávamos pela sua ficha técnica: ele é o 'esportivo' para quem quer conforto e um rostinho bonito, mas não se importa com um comportamento mais picante. 

Interior da versão abusa dos tons escurecidos no painel, teto e bancos. Volante também tem logo com fundo em preto - Lucas Cardoso

BOM DE DIRIGIR

O motor de quatro cilindros 1.8 rende bem e entrega força quando solicitado, mas precisa girar alto para isso. O torque máximo chega tarde às rodas dianteiras.  O lado positivo é que o Cronos continua um carro bom de se guiar.

Destaque para a relação entre a transmissão automática e o motor, que em situações como retomadas, saídas e ultrapassagens entrega desempenho razoável para um sedã compacto com mais de 1.200 kg. O consumo médio no período de avaliação também surpreende: 9 km/l, abastecido com etanol.

Em situações em que demanda por desempenho foi maior, as trocas manuais por aletas atrás do volante melhoraram a resposta ao comando no pedal direito. Pena a versão HGT não ter uma variante manual. Aliás, a linha 2020 não traz nenhuma configuração do motor E.torQ 1.8 com o pedal de embreagem. Uma pena!

 

Lista recheada de equipamentos
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Outro destaque do sedã compacto 'esportivado', a central multimídia de sete polegadas Unconnect da Fiat continua surpreendendo pela facilidade de manuseio. O sistema possui conectividade com Android Auto e Apple Car Play.
Entre os equipamentos presentes na versão topo estão importantes itens de segurança, como controles de tração, estabilidade, assistente de partida em rampa, monitor de pressão dos pneus, isofix, cinto de três pontas para todos a bordo. Há apenas airbags frontais.
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A versão estava com opcionais: bancos de couro, câmera de ré, e o Kit Tech 2 composto por chave presencial (partida por botão e acesso), retrovisor com rebatimento elétrico e luz de conforto (LED posicionado abaixo dos retrovisores), sensor de chuva e crepuscular e retrovisor eletrocrômico.
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Apesar de ser alta, a versão 'esportivada' do Cronos é boa de 'chão'
O acerto de suspensão privilegia o conforto no rodar e em nada lembra os ajustes mais firmes comuns em carros esportivos. Como o Cronos HGT não se propõe a isso, a escolha não é nenhum demérito. Destaque na dinâmica do modelo vai para o comportamento sempre estável em curvas do três volumes e firme na maioria dos terrenos. Apesar de ser alta, a versão é boa de "chão". Mérito, em partes, dos pneus de perfil baixo e largos (205/45 R17) montados nas rodas de liga 17 polegadas. 
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Leve em situações de manobras, a direção elétrica do modelo poderia ser mais firme em velocidades elevadas. A ergonomia ao volante é agravável: banco com apoios satisfatórios para pernas e costas, instrumentos estão sempre visíveis e volante apresenta boa angulação de profundidade e altura. 
Seguem sendo predicados do sedã o bom espaço interno, com entre-eixos de 2,52 m e porta-malas com capacidade para até 525 litros de bagagem — um dos maiores da categoria, perde apenas para o Toyota Etios (562L) e Chevrolet Cobalt (563L). Nele, quatro pessoas viajam com conforto e o eventual quinto passageiro, apesar de ter menos espaço, também consegue se acomodar de maneira aceitável. 
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No geral, o Cronos HGT é um carro com visual descolado para o consumidor que quer levar a família sem aperto e bom espaço no porta-malas. O motor entrega força suficiente, mas para uma versão com esse apelo, merecia mais. Talvez isso mude num futuro próximo, com a chegada dos motores turbo 1.0 e 1.3, que começam a ser produzidos no próximo ano, na fábrica da marca, em Betim (MG), e devem ser incorporados a linha em 2021.
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