Deputado federal David Miranda (PSOL) - Renan Olaz/CMRJ
Deputado federal David Miranda (PSOL)Renan Olaz/CMRJ
Por O Dia
Rio - O Ministério Público do Rio (MP-RJ) recebeu do antigo Conselho de Controle das Atividades Financeiras (Coaf) um relatório que aponta "movimentação atípica" de R$ 2,5 milhões na conta do deputado federal David Miranda (PSOL-RJ) no período de um ano, entre o início de abril de 2018 e o final de março de 2019.
Em nota, David Miranda afirmou que o relatório enviado pelo COAF ao MP-RJ mostra uma quantia totalmente compatível com a renda da família.

O MP chegou a solicitar à Justiça a quebra dos sigilos bancário e fiscal do parlamentar, mas o juiz Marcelo da Silva, da 16ª Vara de Fazenda Pública do Rio, negou o pedido. Na decisão, ele determina que, antes de adotar alguma medida nesse sentido, o deputado do PSOL e os demais envolvidos nas suspeitas - quatro assessores e ex-assessores - sejam ouvidos.

Miranda é casado com o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept, que tem publicado reportagens baseadas em mensagens trocadas por procuradores e pelo então juiz Sergio Moro, atual ministro da Justiça, na Operação Lava Jato. Eles não reconhecem autenticidade nas declarações que lhes são atribuídas.
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O relatório chegou ao MP estadual dois dias depois de o site começar a publicar as reportagens, segundo o jornal O Globo, que revelou o caso. O parlamentar diz que o procedimento aberto pelo MP-RJ para investigá-lo é retaliação. "Desde o início da Vaza Jato, esperávamos este nível de retaliação e desinformação deliberada", disse em nota.
O relatório feito pelo Coaf não tem relação direta com David Miranda. Foi feito no âmbito de uma investigação maior, para apurar ilegalidades em gráficas de Mangaratiba, município na região metropolitana do Rio. Como o deputado contratou o serviço de uma delas, suas movimentações entraram no radar do órgão federal. Sobre a tal gráfica, o deputado David Miranda diz que nunca imprimiu material em Mangaratiba. "Sempre fiz meus materiais de divulgação na cidade do Rio e, poucas vezes, em Niterói", diz em nota.
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"Para além da renda de parlamentar, possuo sociedade com meu marido em uma empresa com projetos importantes. O salário anual do Glenn — como co-fundador e jornalista investigativo do portal The Intercept e da Intercept Brasil — é informação pública, porque essas empresas são ONGs. Qualquer jornalista pode compará-lo com os valores reportados pelo COAF para constatar a compatibilidade óbvia. Além disso, seus projetos — dos quais participei como parceiro — incluem livros que figuram nas listas dos mais vendidos do mundo, filmes e palestras", diz David.

Ele nega movimentações financeiras ilegais. "A única ilegalidade existente é a praticada por aqueles que vazam essas informações para prejudicar minha reputação como retaliação pelas reportagens do Intercept. Estou aguardando a citação da justiça para explicar detalhadamente meus rendimentos", finaliza em nota.
*Com Estadão Conteúdo