Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, morreu enquanto procurava pela mãe - Reprodução
Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, morreu enquanto procurava pela mãeReprodução
Por Beatriz Perez
Uma mulher responde pelo homicídio culposo do filho de uma funcionária. Miguel Otávio Santana da Silva, de cinco anos, caiu do 9º andar do prédio conhecido como Torres Gêmeas no Centro do Recife na terça-feira, enquanto sua mãe passeava com o cachorro de empregadores. A investigada foi presa em flagrante e responde em liberdade por ter pagado a fiança de R$ 20 mil pelo crime.
Ela não teve a identidade revelada. Parentes da vítima, no entanto, identificaram que trata-se de Sari Gaspar Corte, esposa do prefeito de Tamandaré, Sérgio Hacker (PSB). A reportagem conseguiu contato com o prefeito, mas Hacker parou de responder e encerrou a ligação após um pedido de esclarecimento sobre o caso.
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Miguel precisou acompanhar a mãe no trabalho durante a pandemia Reprodução
Miguel completou 5 anos em novembro de 2019 Reprodução
Miguel completou 5 anos em novembro de 2019 Reprodução
Miguel Otávio Santana da Silva, de 5 anos, morreu enquanto procurava pela mãe Reprodução
Sari Gaspar e Sergio Hacker, prefeito de Tamandaré, compareceram ao velório, registraram parentes Reprodução


A polícia considerou que a investigada agiu com negligência, e por isso vai responder por homicídio culposo. As imagens do condomínio mostram que a mulher consente que Miguel entre sozinho no elevador, no quinto andar do prédio, e ainda aperta um botão no alto do painel do elevador. A Polícia Civil não informou a identidade dos empregadores de Mirtes e moradores do apartamento durante a coletiva. "Fizemos um alinhamento com a gestão superior da Polícia Civil. A gente vai se ater neste momento à explanação dos fatos", disse o delegado Ramón Teixeira.
"A criança tentou entrar em uma primeira vez no elevador, atrás da mãe, e foi retirada. (Em seguida) a criança retornou ao elevador e, infelizmente, nesse momento nós identificamos um fator determinante para alterar nosso entendimento técnico-jurídico do ocorrido: enquanto a criança apertou os botões, a moradora, possivelmente, cansada de tentar tirar a criança (do elevador), ela aperta um outro andar superior ao apartamento em que residia e a criança fica só no elevador, sobe, para no 1º andar, e depois, ao abrir a porta do 9º andar, desembarca", relata o delegado.
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Na terça-feira, Miguel acompanhava a mãe no dia de trabalho. A doméstica Mirtes Renata deixou o filho aos cuidados da patroa, no 5º andar do Condomínio Píer Maurício de Nassau, enquanto precisou descer para passear com o cão da família. Miguel teria sofrido um acidente quando saiu do apartamento para procurar pela mãe. A perícia apontou que ele estava sozinho quando caiu do nono andar do prédio, a uma altura de 35 metros. O motivo da queda, ainda é investigado.
O enterro de Miguel ocorreu na quarta-feira no distrito de Bonança, em Moreno, no Recife. Parentes também registraram que os donos do apartamento em que a mãe de Miguel trabalha compareceram ao velório. Eles pedem justiça pela morte do menino. "Isso é fatalidade para quem é idiota. Isso foi maldade. Ninguém tem o direito de ceifar a vida de ninguém. Como vocês têm coragem de vir ao velório de nosso Miguel? Como a frieza de vocês chega a esse ponto? Você levou o Miguel ao elevador e apertou o botão. Por conta disso, ele caiu do prédio. Deus tem que fazer justiça", protestou uma parente durante o velório.
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Sari Gaspar e Sergio Hacker, prefeito de Tamandaré, compareceram ao velório, registraram parentes - Reprodução
O delegado responsável pelo caso, Ramón Teixeira, afirmou que a patroa foi negligente. Segundo ele, a mulher era a responsável legal pela guarda momentânea de Miguel. As informações foram divulgadas em coletiva de imprensa da Polícia Civil de Pernambuco sobre o caso, publicada no canal do Youtube da corporação.
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"A gente registrou que a criança gritava pela mãe. Possivelmente, o menino viu a mãe passeando com o cachorro em via pública", acrescentou Ramón. Para a polícia, a mulher infringiu o artigo 13 do Código Penal, que trata de ação culposa, por causa do não cumprimento da obrigação de cuidado, vigilância ou proteção. 
"Ela tinha o dever de cuidar da criança. Houve comportamento negligente, por omissão, de deixar a criança sozinha no elevador", disse.

A polícia afirma que foi acionada por volta de 14h30 de terça-feira e que a criança chegou a ser socorrida, possivelmente com vida, ao Hospital da Restauração (HR), no Centro do Recife. 
A reportagem também tenta contato com Sari Gaspar, mas ainda não conseguiu retorno.