Governador e população tiveram que pagar o resgate para a cidade não ser queimada - Reprodução Tá na História
Governador e população tiveram que pagar o resgate para a cidade não ser queimadaReprodução Tá na História
Por Thiago Gomide
Você deve estar acompanhando as trocas de farpas entre Jair Bolsonaro e Emmanuel Macron, respectivamente presidentes do Brasil e da França. 
Isso me fez lembrar de um fato ocorrido há mais de três séculos e envolveu os dois povos mais os portugueses, que nos colonizavam.  
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O corsário francês Duguay-Trouin era louco pelas riquezas do Brasil.

A descoberta do ouro, no começo do século XVIII, em especial, atraiu a vinda dele.

No dia 12 de setembro de 1711, Trouin liderou uma frota que invadiu a Baía de Guanabara.

O clima não era favorável nem pro ataque nem pra defesa: uma densa neblina ocupava o cenário.

Nessa briga de “quem vê primeiro ganha”, os franceses saíram na frente.

Quando os portugueses perceberam aquele montão de navios, em fileira, era tarde.

A defesa portuguesa foi ridícula: canhões não funcionando, soldados mal localizados, soldados assustados fugindo, os 4 navios portugueses de guerra encalharam...

Mesmo com essa derrapada geral, o Governador do Rio de Janeiro, Francisco de Moraes de Castro, deu uma de machão e falou que resistiria até a morte.

Aham. Conhecemos bem essa história.

Em pouco tempo, e percebendo que a situação era mais grave do que se imaginava, o Governador tomou duas atitudes: pedir ajuda para tropas localizadas outras partes do país e se mandar para o interior, levando o que conseguisse de ouro.

A população, nada trouxa, fez o mesmo. Quem podia, reuniu os trocados, e deu tchau.

Quando Trouin entrou na cidade, ele encontrou um Rio de Janeiro deserto, vazio, às moscas.

Imagina só como o camarada ficou. Veio da Europa para roubar a cidade e ia ficar chupando o dedo.

Revoltado com a situação, o francês sequestrador mandou saquear o que tivesse de valor. Valia Igreja, valia casas antigas, valia arrombar o que fosse preciso.

De quebra, mandou um recado para o Governador fujão: se ele não pagasse o preço do sequestro, iria tacar fogo na cidade. Fim.

Conhece Nero? Mais ou menos isso.

Depois de uma longa negociação, o Governador cedeu à chantagem, fez um bem bolado com os moradores ricos e com os não tão ricos assim, e pagou uma grana em ouro, caixas de açúcar e até botou umas cabeças de gado no jogo.

Foram 50 dias de sequestro. Quase dois meses de aflição. 
*

França Antártica

Lembrando que os franceses estiveram na cidade de 1555 a 1570, criando uma colônia francesa na boca da Baía de Guanabara.

Eles tinham apoio dos índios tamoios.

Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá, foi o enviado pelo tio para liderar a guerra contra os franceses.

Ele fundou a cidade em 1565. Morreu flechado em 1567.