Marcos Mion e família - Gy Alvez/ Divulgação
Marcos Mion e famíliaGy Alvez/ Divulgação
Por O Dia
Para celebrar esse domingo especial, nada melhor do que um verdadeiro pai herói. Marcos Mion é exemplo de pessoa que o amor que dá aos seus filhos ultrapassa quaisquer barreiras, e usa das dificuldades para ajudar outras pessoas. É assim na criação de Romeo, o primogênito de 14 anos, que tem autismo. Em 2014, o apresentador tornou pública a situação do herdeiro e, desde então, luta a favor da tolerância para com as pessoas autistas. Marcos também é pai de Donatella, de 10 anos, e Stefano, de 9, também frutos de seu casamento com a designer de moda Suzana Gullo. As experiências de Mion como pai estão presentes nos livros que ele escreveu: 'Escova de Dentes Azul' e 'Pai de Menina' - que já vendeu mais de 50 mil exemplares. Confira a seguir a entrevista emocionante que o apresentador concedeu à coluna.

O que mais te dá prazer em ser pai?
A certeza de que eu vou continuar. Que meu legado segue.

Você tem três filhos. Eles sentem ciúme de você? Ou do tratamento diferenciado que você dá a Romeo?
Nós somos muito conscientes em relação a dividir a atenção entre os três. Existem estudos que mostram que irmãos de crianças especiais, se não têm atenção suficiente dos pais, podem se tornar adultos com problema de confiança, autoestima, segurança e rejeição. Nós tivemos acesso a esses estudos muito cedo e nunca deixamos algo assim acontecer. Por isso fazemos viagens separadas e atividades separadas com cada um.

Qual é a parte mais difícil da paternidade?
Se cobrar por não ser perfeito. Errar e aceitar isso. Coisas que são normais, que devem acontecer e sempre vão, mas que eu me arrependo e me cobro muito. Como, por exemplo, uma bronca que sai maior do que deveria.Mas eu gosto até das partes difíceis! Porque elas me fazem evoluir como ser humano e pai. Não sou perfeito, estamos todos longe disso, mas trabalho todos os dias pra ser melhor. E assumir e entender os erros, além de não comete-los mais, é o primeiro passo para melhorar sempre.
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Muita gente não tinha conhecimento sobre o autismo de Romeo. O fato só foi revelado em 2014. Falar sobre isso foi um alívio ou gerou um certo desconforto?
Eu só demorei pra assumir publicamente porque eu sabia no que minha vida iria se transformar e eu queria estar pronto para isso. Preparado pra ajudar as milhares de pessoas que me procuram. Tinha que ter mais experiência, preparo e conhecimento, pois sabia que representaria uma comunidade gigante e queria honrar o trabalho de conscientização que já foi feito antes de mim.E, claro, porque se trata de outra pessoa, meu filho, então tínhamos que ter tudo seguro e preparado para ele não sofrer preconceito. Tenho consciência de que minha posição como pessoa pública traz privilégios para o Romeo em relação à sua condição, em relação às pessoas sentirem preconceito, ele é um xodó do Brasil hoje (risos)! Onde eu vou, qualquer lugar do país, pessoas me param pra mandar um beijo pra ele! Quase como se ele estivesse virando um símbolo de quem passa por adversidades e - com amor - consegue superar. Além de representar toda comunidade autista servindo como instrumento para muita gente entender o que o filho tem e para tantos outros autistas serem respeitados. Eu sempre falo: não adianta gostar e respeitar apenas meu filho, tem que gostar e respeitar todas as crianças autistas!

Há muito preconceito com o autista?
Sim, existe. Pela falta de informação e porque o autismo não é uma deficiência visível. Pode parecer que a pessoa está querendo se passar por deficiente para se beneficiar de algum direito, afinal autismo não tem cara! Não é óbvio que a pessoa é. Por isso, estou empenhado para que a comunidade tenha uma importante conquista: a carteira nacional de identificação do autista.

Esses dias circulou na internet um caso de uma criança que deixou de ser convidada para uma festa por seu autista. A mãe do aniversariante explicou para a mãe da criança que seu filho era "muito problemático". Isso já aconteceu com vocês?
Minha condição de artista e pessoa pública blindou muito minha família de preconceito explícito. Mas não impediu cem por cento, porque sim, sofremos em diversas situações. Agora, preconceito velado, aquele olhar de desprezo, atravessado, às vezes de nojo, nossa... isso já aconteceu milhares de vezes!!!

O que você pensou quando recebeu o diagnóstico de Romeo?
Que benção Deus colocou na minha vida. Agora está claro qual é a minha missão! Sou guardião de um anjo de Deus na Terra. Sou um escolhido. Que honra sem fim!
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Você escreveu o livro 'Pai de Menina' para Donatella. Pensa em escrever sobre ser pai de meninos?
O livro tem menina no título, mas serve para quem tem menino também. Porque criação de caráter, educação, dignidade é igual para os dois. Independe de sexo. O livro tem trechos exclusivos para pais lerem com suas filhas para criar o elo pra vida inteira que prometo que o livro dará, mas toda a parte que escrevi de pai para pai serve pra todos os filhos! Pois tem a ver com criar uma geração melhor do que a nossa. Seja quem for.

No mês passado, você se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro para discutir a respeito de uma lei sobre autismo. Como você saiu desse encontro?
Tive a oportunidade de falar com o atual presidente da República porque fui convocado. E, estivesse o poder de sancionar a lei nas mãos de quem fosse, lá estaria eu. Fui com um papel social de representatividade, estava ali em nome de toda a comunidade autista, e me mantive fiel a essa enorme responsabilidade. Tivemos uma importante vitória, mas há ainda muito mais a se conquistar para tirar os autistas da invisibilidade.
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Como você vê o futuro para cada um dos seus filhos?
Eu dedico a minha vida a eles, para que eles se tornem adultos que fazem a diferença no mundo e na vida de tantos. Outro dia, meus pais, emocionados ao verem uma sequência de centenas de milhares de mensagens de agradecimento e inspiração tanto pelas vitórias em relação ao autismo quanto ao exemplo de pai, marido, homem de fé, etc me disseram: 'Que orgulho temos de ter colocado você no mundo. Nossa vida valeu, nossa existência se justifica por termos te criado pra ser esse homem que é hoje'. É algo assim que quero falar para meus filhos quando eles crescerem. Ouvir isso foi uma das maiores emoções da minha vida, afinal eu sempre falo sobre legado e eu sou o dos meus pais. Não planejei ser referência de nada, vivo dentro do que acredito e dos valores que eles me ensinaram. Me dedico para que eu possa fazer o mesmo com meus filhos.

Você tem medo de alguma coisa nessa vida?
Meu único medo é não ter tempo. Tempo é nosso bem mais precioso, raro e escasso. Eu quero estar aqui, ter tempo para ver meus bisnetos!!

O que você deseja para todos os pais no dia de hoje?
Desejo que entendam o tamanho da responsabilidade que é ser pai. Vejo pais trocando o tempo com seus filhos por coisas 'muito importante'", mas que no final da vida eles nem lembrarão o que eram, só lembrarão - com muita dor e arrependimento - que não estavam lá para e pelos seus filhos. Ninguém próximo da morte deseja ter estado mais tempo no escritório 'ah, se eu pudesse fazer mais uma reunião...' Não! Todo mundo pensa: 'como eu queria mais um abraço dos meus filhos, mais cinco minutos com minha esposa, meu marido...'Então eu desejo que todos os pais, quando se encontrarem no final de suas existências, não tenham arrependimentos em relação a não serem presentes e inteiros com seus filhos! Isso se resolve hoje. Agora. Não existe depois.
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