Eu estou gostando muito porque é um personagem que passa pela comédia, pelo drama, pelo suspense e pela ação também. Realmente, estava me fazendo falta um personagem desse na minha carreira. Também estou adorando a novela porque ela é muito ágil e, acredito, que esse é o caminho das novas produções. Estamos no tempo do streaming com muitas informações, muitas coisas acontecendo na mídia e de forma muito rápida.
Foi uma baita produção. A gente fechou o antigo parque, conhecido como Water Planet, perto da Globo, para gravar todas as cenas. Foram muitos ventiladores e água, água e água. A produção de arte brincou! Essa novela veio para mostrar que a gente pode fazer o que quiser na Globo. Eu gravei uns 20 dias só a minha sequência e foi assim mais ou menos com todo mundo do elenco. Muita chuva e muito vento. Eu tive que tomar bastante vitamina C e me alimentar bem para não ficar doente. Passei o tempo inteiro molhado e com frio porque a água era gelada. Foi tenso, mas maravilhoso.
Na verdade, eu passei por um trauma bem grande. Eu fui assaltado quando voltava da minha fazenda e o meu carro foi alvejado. Os assaltantes acharam que o meu caseiro iria ter algum tipo de reação e do nada eles começaram a atirar em nossa direção - minha e do meu caseiro. Foi uma situação muito traumática e eu pensei mesmo em ir embora por conta da violência. Acabou que na época eu estava trabalhando em 'Espelho da Vida' e falei que iria terminar a novela e me capitalizar para ir embora. Só que o tempo foi passando, eu me acalmando e vi que o meu lugar é aqui. Apesar da violência, eu amo a cidade. Aqui é onde eu trabalho, vivo com a minha família. Foi uma coisa de momento, foi um susto danado, mas foi bom que eu parei para repensar a minha vida. Comecei a dar mais valor às coisas que eu tinha deixado um pouco de lado.
Já recebi um convite para trabalhar em uma plataforma de streaming, mas a Globo sempre foi bacana comigo. Eu tenho contrato até 2022 e eu não tenho intenção nenhuma de sair porque as minhas condições de trabalhos na emissora sempre foram boas e eu me sinto super bem.
Tenho três restaurantes, uma fábrica de sucos e a fazenda, onde produzo alimentos orgânicos. Eu sempre fui ligado ao empreendedorismo por conta do meu pai, que tinha negócios e eu trabalhava com ele. Já instalei portões automáticos, circuitos de televisões em vários prédios de Porto Alegre e isso desde dos 14 anos, mas eu também tenho um padrinho que tinha fazenda de criação de búfalos e gostava de ajudá-lo. Aprendi desde cedo a trabalhar, a querer ter um negócio e fui mais para esse lado da natureza. Comprei uma fazenda, fui fazer vários cursos para começar a entender e dois deles, o de bioconstrução e agrofloresta me abriram os olhos e aí eu decidi fazer algo com a voz que eu tenho para incentivar esse campo. Virou uma missão de vida.
Jamais. Eu queria era ser jogador de futebol. Queria ser ídolo do Grêmio e cheguei a treinar nas categorias de base. Ficava vendo o Ronaldinho Gaúcho treinar para aprender um pouco. Eu cheguei até a categoria de juniores.
Seis não, mas uns oito eu tirava (risos). Era titular e dava para ter chegado ao profissional.
A enteada do meu pai era modelo e um dia eu fui buscar com ela um cachê e o fotógrafo me chamou. 'Estou precisando de um rapaz com o seu perfil, vamos fazer algumas fotos?'. Eu falei que não tinha nada a ver, mesmo assim ele fez e logo depois me chamaram para fazer um comercial. Nunca vi tanta grana e aí comecei a ser chamado para outros trabalhos, fiz um book bacana e as coisas foram aumentando. Continuava treinando e modelando. Até que um dia eu percebi que eu não pegava os comerciais com falas, só quem fazia teatro era quem pegava os anúncios e decidi fazer teatro (risos).
Olha, quando comecei a fazer teatro eu só tinha lido um livro na minha vida que era 'Dom Casmurro' para um trabalho escolar. Não tinha na família essa cultura de ler livros e aí no curso eu passei a ler tudo como Dostoiévski, Nietzsche, Brecht e outros. Tive um professor incrível que abriu o mundo para mim e eu passei a ler tudo de filosofia a história, antropologia, sobre dramaturgia e outros assuntos. Comecei a querer estudar mais e mais, me envolver com os estudos e as pesquisas. Eu tinha uns 16 anos e passei a trabalhar mais. Decidi parar de jogar bola porque a minha vida era a arte mesmo.
É, mas estou gostando. Eu sempre malhei e precisei intensificar os treinos. Mudei também totalmente a minha alimentação. Tive que comer muito para ganhar oito quilos em três meses e continuo comendo. De manhã, por exemplo, eu como uns seis ovos (risos) e muita proteína vegetal como grão de bico, lentilha, feijão e arroz negro. Como praticamente um quilo de comida em cada refeição. Fui muito disciplinado para ganhar massa e eu comia tudo certinho, pesava todos os alimentos e a minha mulher que sofreu. Um dia, ela queria comer pizza e eu não fui (gargalhada).
Tentei durante uns dois meses, mas não aguentei. Eu adorei o resultado e eu senti na carne uma mudança, uma melhora incrível em tudo na minha vida. Desde a disposição física ao sono e pretendo um dia me tornar vegano de vez.