Padre Fábio de Melo - Reprodução de internet
Padre Fábio de MeloReprodução de internet
Por O Dia
Sem dúvidas, este domingo de Páscoa vai ser diferente para grande parte da humanidade. Por conta da pandemia, as aglomerações em torno da mesa cheia de quitutes deve ser substituída por uma comemoração mais singela. O entrevistado de hoje é ninguém menos do que padre Fábio de Melo. A escolha desta colunista por dar este espaço a um enviado de Deus muito tem a ver com a quarentena em tempos de quaresma. Falar sobre Deus e seus desígnios me causa um grande fascínio. Estamos em tempo de orar pelo mundo em uníssono. Espero que vocês gostem da entrevista tanto quanto eu. Feliz Páscoa!
Como o senhor está passando essa quarentena por conta do coronavírus?
Tenho procurado ler e estudar. Há um limite físico que me prova de ir e vir. O momento me permite uma convivência mais qualificada comigo.
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Acha uma coincidência essa quarentena do coronavírus estar acontecendo justamente na quaresma?
Pois é, eu achei que a confluência fez sentido. Até para nós cristãos, há muito tempo deixamos de observar a quaresma como um tempo de sobriedade e sacrifício. De repente fomos surpreendidos por uma imposição do universo, como se quisesse colocar a vida sob nova ordem.
Na sua opinião, o povo está afastado de Deus?
Não me sinto apto para julgar o quanto as pessoas cultivam Deus em suas vidas. Acho pretensioso. O que sempre soube, e a quarentena confirmou, é que nós temos muita dificuldade com a quietude que nos põe diante de nós mesmos.
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Deus castiga? Ele pode estar castigando a gente com o coronavírus?
Não acredito nisso. Deus é amor. No amor não há vingança, mas a justiça. Esta pandemia é um resultado das ações humanas. Deus não tem nada com isso. Seria muito ingênuo atribuir a Deus a consequência dos excessos humanos.
É difícil ficar longe das missas por conta do coronavírus?
Eu continuo celebrando. Sinto falta das pessoas. A missa é uma celebração comunitária. É como ter uma festa só pra você. A alegria não é completa.
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O que mudou no comportamento dos fiéis por conta do corona? Ninguém mais beija a mão do padre?
Nem temos encontros para que isso aconteça.
O senhor ia levar um grupo de pessoas à Terra Santa em maio. A viagem foi cancelada? Adiada? Pra quando?
Adiamos. A princípio para outubro.
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Que sugestão o senhor dá para que fiquemos conectados com Deus neste domingo de Páscoa?
Aprendendo a conviver consigo. Aceitando o desafio de descobrir em que aspecto da nossa personalidade podemos evoluir. A outra conexão é abrindo-nos à solidariedade. Há pessoas que estão próximas de nós, necessitando de ajuda. A Páscoa pode ser celebrada com gestos de amor e caridade.
O senhor pensou em tirar a barba por conta do coronavírus?
Não. Por enquanto não faz sentido, uma vez que estou em casa.
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O senhor é um sucesso nas redes sociais. De onde vem esse bom humor?
Herdei da minha mãe, eu acredito. O humor facilita o encontro, diminui as distâncias.
O senhor já foi discriminado por ser um padre tão brincalhão?
Discriminado não. Só rejeitado (risos).
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Da onde sai a inspiração dos nomes dos personagens das suas histórias nas redes?
Uai, eu presto atenção o tempo todo. Escuto um nome diferente e já tomo nota. Já posso escrever um livro de sugestão de nomes compostos.
Já pensou em ser roteirista?
Não, mas tenho um livro que foi roteirizado para o cinema. Ainda não aconteceu, mas acompanhei o processo. Achei interessante.
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Como ensinar alguém a ter fé?
Não sei. Creio que o essencial é educar o desejo, a sensibilidade. Deus entra por onde pode. Uma sensibilidade educada facilita muito a experiência com a transcendência.
Hoje há menos pessoas com vocação a padre do que antes?
Não, pelo contrário, há uma crescente significativa no número de vacionados.
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Na sua opinião, o coronavírus é uma praga enviada por Deus?
Deus não cria pragas. Essa especialidade é nossa.
Como está a sua rotina neste isolamento? Deixou a academia?
Tenho lido muito. Moro na zona rural. A atividade física eu consigo fazer por aqui mesmo.
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