Anitta  - Divulgação
Anitta Divulgação
Por O Dia
Anitta é do tipo que não se cala quando questionada sobre um assunto, seja ele qual for. Como ela mesmo diz, teve que aprender sobre política para falar e entender o atual momento em que vivemos: "eu prefiro falar só sobre algo que eu conheço e eu antes de falar, vou lá e estudo. Também não tenho vergonha de dizer quando não sei. Agora, por exemplo, eu tenho feito as aulas abertas de política porque senti essa necessidade". A cantora também é uma ilustre convidada desse bate papo sobre pandemia e o cenário político brasileiro.
Você acha que os artistas, que antes de qualquer coisa são cidadãos brasileiros, têm que se posicionar sobre assuntos políticos importantes?
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Acho que as pessoas devem falar o que elas quiserem e se sentirem à vontade. A gente vive numa democracia. Eu prefiro falar só sobre algo que eu conheço e eu antes de falar, vou lá e estudo. E também não tenho vergonha de dizer quando não sei. Agora, por exemplo, eu tenho feito as aulas abertas de política porque senti essa necessidade. As pessoas passaram a me cobrar um posicionamento e eu não sabia que era importante para as pessoas saberem a minha opinião. Um monte de pessoas me criticou porque eu demorei a me posicionar, mas era porque eu estava estudando. Mas eu acho que o artista tem que decidir por ele se fala ou não.
Você e outros artistas na última eleição foram pressionados a se posicionarem. Hoje, 2 anos depois, qual a posição da Anitta sobre o governo brasileiro?
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Os artistas, como eu já falei, são pressionados a se posicionarem hoje em dia o tempo inteiro, principalmente porque o Executivo tem deixado muito a desejar. Está uma confusão! A gente não consegue entender esse troca-troca e a gente não vê uma coisa sendo feita, ainda não se resolveram como a coisa vai funcionar. Está delicado, está complicadíssimo e por isso também que eu resolvi fazer essas aulas para as pessoas. Eu tive o ensino público e muitas pessoas que até tiveram o ensino particular vieram me contar que não tiveram aulas de política assim. E é a gente que vota, é a gente que escolhe quem está no poder e o brasileiro tem que aprender política. Parece que é até de propósito, já que não oferecem o ensino direitinho para a gente não ter interesse. Sempre são palavras difíceis e quis simplificar e trazer de interesse para galera. Obviamente eu tenho que continuar com o meu trabalho de artista em paralelo, senão vou ficar uma chata só falando disso, mas a galera tem que pensar como se fosse limpar a casa. É chato? É chato, mas se não limpar vai virar uma zona. Por isso é importante saber de política. Pelo menos o básico para a gente conseguir saber como mudar. A gente sempre reclama, mas dá para saber e mudar.
Acha que artistas evitam se posicionar com medo de represálias?
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Eu não posso responder pelos outros, mas realmente, o país dividido como está, quando você se posiciona, vai ter a metade que vai virar as costas para você. Nas minhas aulas, quando as pessoas vão falar comigo, eu até peço para não falar de partidos, não falar mal nem bem do Bolsonaro ou disso ou daquilo, para não tendenciar ninguém a nada. O importante é as pessoas saberem como funciona a política. A maioria das pessoas não entende, eu não entendia antes de fazer essas aulas e aí as pessoas tomam as suas próprias escolhas. Aprender a ter a sua própria escolha e não baseado no que as hashtags estão falando, os trends topics, é mais importante do que o assunto. Eu não tenho medo porque eu acho que eu vim com isso, eu posso responder por mim. Eu nasci com essa vontade de mudar as coisas desde sempre. Eu vou cheia de plásticas na televisão, não tenha vergonha de assumir o que você fez. Eu vou e falo: 'troquei de namorado e é isso aí'. Eu sou essa pessoa sem medo, sem vergonha e sem nada. Quando eu não me posiciono é por falta de informação.
Acredita que a Secretaria da Cultura não tem dado o socorro necessário à classe a qual representa durante esse período difícil da pandemia? Qual a sugestão que faria se pudesse aconselhar a atual secretária?
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Não tem dado. Infelizmente e é triste. Eu mandei já um texto falando o que eu achava e acho que ela deveria começar ouvindo a classe. Ver de que forma a máquina pública pode servir de sustentação para um mercado tão importante na vida do brasileiro. O brasileiro se move pelo entretenimento. Acho que ela precisa entender que fora os gostos pessoais dela, o que ela considera arte e cultura, existe um outro leque gigantesco e que tem que entender a necessidade de cada um. Por exemplo, as pessoas me perguntam 'e se você fosse a secretária?' Eu entendo de música, mas não entendo de teatro, nunca fiz e eu precisaria estudar essa área para eu poder governar para eles também e não só para o povo que eu faço parte.
Você tem estimativa, até o momento, de qual o seu prejuízo na pandemia?
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Não tenho esse número. Neste momento, eu estou preocupada com outras paradas e todas essas questões que estamos debatendo e por isso, eu não parei para olhar esses números.
Você foi uma das poucas artistas que abriu mão de qualquer valor do patrocínio da sua live revertendo tudo para caridade. Como isso é possível se como todos você tem banda e funcionários para manter?
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Essa live foi feita com um único objetivo: ser beneficente. Se eu fiz é porque foi possível para mim. Eu tenho um planejamento financeiro bacana e que eu já faço desde o meu início mesmo. Como eu venho de uma origem muito humilde, a minha maneira de pensar financeiramente é tipo assim 'e se eu voltar à estaca zero', 'e se der tudo errado'... A vida é uma montanha russa para mim. Então, eu falei com as marcas que já são minhas parceiras e ao invés de pagar para mim pelo publi, pela propaganda na live, eu pedi para que fosse o cachê para as doações. Não me prejudicou e está tudo certo. Graças a Deus, eu trabalhei muito nos outros anos para esse ano ficar mais tranquila. Tomara que isso acabe logo, mas se não acabar, tomara que eu consiga me manter. A minha galera eu continuo pagando normalmente porque, infelizmente, não tem o que eles possam fazer.
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