chef Henrique Fogaça, do MasterChef
chef Henrique Fogaça, do MasterChefDivulgação
Por O Dia
Henrique Fogaça é um dos jurados do programa mais famoso de culinária da televisão: o 'Masterchef'. Ele também é dono de uma badalada rede de restaurantes da alta gastronomia. E pensar que seu início na cozinha não tem nada de glamouroso... "Um belo dia fui fazer um bife e não parei mais de cozinhar. Como sempre gostei muito de comer, eu fui cozinhando". Após perder o emprego como bancário, ele montou seu primeiro negócio vendendo sanduíches em uma kombi e em pouco tempo virou um dos principais chefs de cozinha do Brasil. Ou melhor: cozinheiro, como ele se autodefine. Aos 46 anos, pai de Olívia, João e Maria, Fogaça ama skate, tatuagens e rock, mas não gosta de buchada e revela que nunca usou seus dotes culinários para conquistar alguém.
Você esperava que o brasileiro gostasse tanto de reality de culinária? Como explica esse sucesso do programa há mais de cinco anos?
Eu não esperava, porém, é um programa gravado que traz muito a verdade. Quando se fala em comida, você fala para todo mundo! Desde criança até os mais adultos. O sucesso do programa é a interação aliada ao ato de cozinhar e comer. Todo mundo, hoje, é ligado na alimentação. Acredito que a química entre os jurados e a ideia em si do programa também contribuem para o sucesso.
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O que passou pela sua cabeça quando você recebeu o convite para o 'MasterChef'?
Foi há sete anos. Foram no meu restaurante e me falaram que estavam comprando a franquia do 'MasterChef', que eu nem conhecia. Gostei da proposta, fiz um teste e eu juro que não sabia da imensidão do programa lá fora porque eu nunca tinha assistido. E aí até começar a gravar demorou um pouco, mas, enfim deu muito certo. Sempre é um desafio, sempre é uma experiência nova.
O que tem o 'MasterChef' que os outros realities não tem e explicaria ele ser o preferido na área?
Eu não sei. Definitivamente, eu não assisto os outros programas. Eu sinto que o 'MasterChef' tem interação, tem a verdade, tem a inspiração, tem a transformação de vidas, o compartilhamento, a reunião das pessoas, o ato de comer e celebrar. Eu acho que isso chega ao público e faz com que as pessoas comecem a cozinhar, comecem a inventar e a se interessar por técnicas. Acredito que esse é o diferencial do 'MasterChef'.
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O seu começo foi nas ruas com uma kombi. Quando e como você decidiu ser chef de cozinha, já que você foi bancário, queria ser arquiteto e ainda tentou a faculdade de comércio exterior? Também li que você mal sabia cozinhar.
Comecei com uma kombi. Eu trabalhei em vários lugares mesmo e como eu sempre gostei muito de comer, um belo dia fui fazer um bife e não parei mais de cozinhar. Mais ou menos que eu não sabia cozinhar (risos). Eu morava em Ribeirão Preto e não era que eu não arriscava na cozinha porque eu estava sempre perto de um fogão fazendo um ovo frito, uma torrada ou um misto quente, um arrozinho. Tudo muito leve. Como eu sempre gostei muito de comer, eu fui cozinhando. Acho que um grande passo para ser um cozinheiro é gostar de comer.
Qual o prato ou alimento que você não come ou não faz de jeito nenhum? Por que?
Eu não gosto muito de buchada e acho que é pelo cheiro. É muito forte. Mas, ela bem feita eu como. Eu não tenho nenhuma restrição a qualquer comida e eu falo em buchada porque eu já comi algumas vezes e não tive lembranças boas. Não tenho nenhuma restrição de ingrediente, o que eu faço é transformá-lo em um ingrediente bom.
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Todo chef tem um prato que arrebenta e diz que a sua especialidade. Qual é o seu?
Ragu de javali. Eu gosto muito e é um prato que eu demorei bastante para desenvolver. Testei de várias formas. Quando o desafio é maior, o resultado final fica mais marcante e bem verdadeiro.
Qual é o pior defeito de um chef novato ou até mesmo veterano?
Não sei qual é o pior defeito, mas o cara não ter responsabilidade, não ter comprometimento e 'levar a cozinha nas coxas' é um defeito.
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O que te tira do sério?
Pessoas mentirosas.
Se eu fosse participar de um 'MasterChef' eu tremeria nas bases todas as vezes que fosse levar o prato para você experimentar. É preciso manter a fama de mau?
Bom, a fama de mau é o que a televisão mostra. Da mesma forma que eu sou no 'MasterChef', eu sou com as pessoas nas ruas. Sou uma pessoa comum e as pessoas criaram essa fama de mau, mas eu não sou. Eu sou justo. Eu avalio, falo o que eu penso e sempre trazendo a verdade. Talvez a forma com que eu falo parece ser mau. Mas eu sou do bem (risos). Eu entendi e entendo. Mas o que eu sou mesmo é transparente.
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O que te levou a fazer essa ação de doações para os moradores de ruas?
Entrou a pandemia, os restaurantes tiveram que fechar e fomos perdendo os alimentos. Muitas pessoas estavam nas ruas, crianças e famílias e como tinha sobrado muitos ingredientes decidimos fazer as doações. Depois, conseguimos doadores e aí começamos com o 'Marmita do Bem', que graças a Deus está funcionando. Agora menos vezes durante a semana, mas esse lado social eu sempre tive atrelado. Acho que a gente pode doar um pouco do que a gente tem seja de trabalho, conversa, dinheiro, roupas, cobertor e solidariedade. Isso sempre fez parte da minha vida e achei importante tomar essa iniciativa em um momento tão difícil.
E essa paixão pelas tatuagens? Quantas são?
As tatuagens são ligadas às músicas, ao rock e eu tenho uma banda de rock, a 'Oitão'. Só quem tem tatuagem sabe como é (risos)... A minha paixão começou quando eu tinha uns 12 anos e fui fazer a primeira com 15 anos. Não parei mais. São marcas que estão no meu corpo de momentos e do que eu acredito.
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As pessoas não estranham você ser um chef, cantor e skatista? Um tipo totalmente diferente da imagem que a sociedade acredita ter um chef de cozinha?
Não estranham e elas até gostam, inclusive. Eu não sou só cozinheiro. Eu gosto de skate, de música, lutas, tatuagens, família, dos meus filhos, das ações sociais, de pessoas, da minha banda... Enfim. A sociedade é cheia de coisas, né? Muito preconceituosa e com muitas coisas engessadas. Quem estipulou o modo do que você tem que fazer ou ser? Hoje, eu trago a minha verdade em tudo que eu faço. No meu lifesytle, no meu estilo de vida e no que acredito através da música, do esporte, da convivência com as pessoas e do amor e isso é transparente na minha forma de ser e acho que quebra paradigmas. Eu fico muito feliz quando ouço das pessoas: 'Fogaça, eu fazia isso e aquilo e me inspiro em você porque vi que teve uma vida difícil e conseguiu vencer'. As pessoas fazem tatuagens, muitos pessoas que foram trabalhar no restaurante começaram a tatuar, a se identificar e vai criando uma personalidade. Uma personalidade que eu fui criando na raça, na coragem, no erro, batendo a cabeça, voltando atrás, mas sempre em busca da minha verdade.
Já usou os seus dotes culinários como arma de sedução para conquistar uma pessoa?
Não. Está inserido no ato de cozinhar transportar o amor para o prato e para a panela. Comida é um ato solidário e de muito amor.
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A gente acompanha a sua dedicação aos seus filhos e especialmente com a Olívia. Como ela está? Você disse que uma das suas maiores frustrações era não poder cozinhar para ela. Existe a possibilidade de você realizar esse sonho?
Eu tenho três filhos: a Olívia que é a mais velha, o João e a Maria, que são filhos de outra mãe. Eles são a minha inspiração, a minha força de vontade e a minha luta. A Olívia me ensina muito com a deficiência que ela veio ao mundo, mas ela é um ser humaninho, o amor da minha vida e que me ensina muito em poucas coisas. O mundo está meio atropelado e, às vezes, o silêncio é muito importante. O silêncio entre eu e ela, o sorriso dela, a evolução que eu não meço esforços para dar o melhor da medicina tradicional e alternativa. Temos que viver o presente, sabe? Amo os meus filhos de paixão.
O que pensa dos haters e das ameaças da política de cancelamento que dominam as redes sociais?
Acho uma cambada de babacas, trouxas e idiotas que ficam atrás dos computadores destilando odinho pela sua pura e total incompetência de ser uma pessoa produtiva, feliz, trabalhadora e profissional. Com certeza esses haters são pessoas frustradas, olhando a vida alheia. Existem vários tipos de haters, mas eu não estou nem aí. Não ligo.
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Você é uma pessoa religiosa? O que acredita?
Eu acredito em Deus. Deus para mim é o céu, a lua, o sol, a energia, a verdade e é o amor. Deus está no coração e o meu discernimento das coisas e da vida. Ser honesto, ser honesto com os seus sentimentos, a sua conduta de vida, suas relações e com seu trabalho. Não fazer mal para outros e a si mesmo. Cada um tem o seu Deus na sua concepção.
Um sonho que ainda não foi realizado?
Todo dia é uma conquista, é matar um leão por dia e acima de tudo ser feliz no que faz. Os sonhos vão aparecendo. A vida simples é boa e as coisas materiais veem e se conquistam.
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Quem é Henrique Fogaça?
Henrique Fogaça sou eu! Com 46 anos de idade, nasci em Piracicaba. Sou cozinheiro, roqueiro e skatista. Pai da Olivia, João e Maria, que procura ter boas relações com as pessoas e fazer o melhor. Um homem que ama moto, os animais e tatuagens também. Esse sou eu!