Douglas Araújo participa do SuperPop - Divulgação
Douglas Araújo participa do SuperPopDivulgação
Por O Dia
O protagonismo do movimento negro tem crescido nos últimos dias devido aos recentes protestos em todo o mundo sobre as injustiças e assassinatos cometidos contra indivíduos negros. Casos como o de George Floyd, no dia 25 de maio, e do menino Miguel, no último 2 de junho, trouxeram o tema para as pautas mundiais. Entre tantas discussões e protestos, muitos cidadãos negros viram a oportunidade de se manifestarem em suas respectivas áreas e encontram voz nas mídias sociais e na imprensa como meio de denúncia do preconceito sofrido até então. Com o objetivo de também relatar as suas experiências, o empreendedor Douglas Araújo, autor do livro 'Do Abacate ao Milhão - 7 passos para enriquecer', decidiu abordar o empreendedorismo negro no Brasil e quais são as principais dificuldades encontradas no caminho de quem decide criar o próprio negócio e ainda tem que lidar com o preconceito.

Um estudo sobre o Empreendedorismo Negro no Brasil, realizado pela aceleradora de empresários negros PretaHub, em parceria com a Plano CDE e o JP Morgan, fez um levantamento e descobriu que os empreendedores negros no Brasil estão divididos em três perfis: necessidade (34%), vocação (35%) e engajamento (22%). Ou seja, os 34% são aqueles que entram no mundo dos negócios por necessidade, falta de dinheiro ou porque estão desempregados; 35% são profissionais qualificados e especializados; e por fim, os 22% são empreendedores que exercem atividades auto afirmativas, voltadas para o público afro.

Durante entrevista no programa Superpop, com Luciana Gimenez, o empreendedor e autor Douglas Araújo contou sobre as dificuldades de se empreender nos dias de hoje no Brasil. Uma das maiores dificuldades para o negro abrir um negócio no Brasil é o acesso ao capital. Uma prova disso é que 32% já tiveram crédito negado sem explicação, mesmo com nome limpo, segundo o estudo.
O que se observa é que o dinheiro está em instituições gerenciadas por homens brancos. “Certa ocasião, eu queria aumentar o meu limite do cartão de crédito para viajar para o exterior e mesmo dentro do perfil e nome limpo, a instituição financeira falou que o problema era no sistema interno do banco, demorando alguns meses para se resolver. Não bastando isso, as recepcionistas de um banco para clientes investidores só passaram a me tratar melhor quando me viram descendo do meu carro importado. Isso é muito comum, infelizmente”, relata Douglas.

Douglas integra os 35% dos empreendedores negros, aqueles que empreendem por vocação. Sua atuação é basicamente no segmento imobiliário, no qual relata também uma certa dificuldade por ser negro. “Quando vou fazer negócios imobiliários, mesmo interessado em comprar o imóvel à vista, sempre tenho que fazer uma ginástica tremenda para provar que tenho condições de adquirir o apartamento, casa ou sala comercial. A negociação é sempre feita com muita desconfiança e constrangimento. A tratativa só muda quando o capital financeiro do imóvel é transferido para os proprietários”, conclui.