Gustavo Bebianno morreu aos 56 anos vítima de um infarto fulminante - Valter Campanato/Agência Brasil
Gustavo Bebianno morreu aos 56 anos vítima de um infarto fulminanteValter Campanato/Agência Brasil
Por Alexandre Braz

O ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno - agora membro e líder do PSDB no Rio de Janeiro -, diz que não concorrerá à prefeitura da cidade, em outubro. Apesar de se mostrar preocupado com a atual conjuntura política, social e econômica da capital, ele explica que optou por dar apoio ao nome consensual na legenda: "Política é grupo. E o grupo hoje entende que Mariana Ribas é o nome. Uma pessoa que reúne qualidades que o Rio de Janeiro precisa. Então hoje o cenário é esse", explica. O ex-líder do PSL vê um cenário desolador na cidade e destaca a necessidade de uma mudança urgente. "O Rio está padecendo, os investidores foram embora. É uma cidade dominada pelo tráfico de um lado e por milicianos do outro. Não vejo ninguém enfrentando essa situação. O Rio precisa resgatar sua autoestima". Confira os principais trechos da entrevista.

Esse ano teremos as eleições municipais. O senhor será candidato?

Na estrutura da qual eu faço parte hoje - que é o PSDB -, inclusive eu sou presidente municipal do partido no Rio de Janeiro, a candidata é a Mariana Ribas, que é uma pessoa que reúne qualidades que o Rio de Janeiro precisa. Eu já tive vontade lá atrás de disputar as eleições, me manifestei a respeito, mas política é grupo. E o grupo hoje entende que Mariana é o nome (do PSDB no Rio). E eu faço parte desse grupo. Então, hoje, o cenário é esse. Ela é uma pessoa íntegra, correta, honesta, jovem, com a sensibilidade humana que as mulheres trazem. Eu acredito que o Rio de Janeiro precisa de novidades. O Rio precisa resgatar sua autoestima. O projeto do PSDB hoje é a Mariana Ribas no Rio de Janeiro.

O senhor disse que o Rio de Janeiro precisa de novidades. Qual a análise faz sobre o momento do estado e da cidade?

O Rio está se tornando um balneário desprovido de musculatura própria. Os restaurantes têm sido fechados, não tem uma boate na Zona Sul do Rio hoje. Não se tem mais vida noturna. Depois da meia-noite o Rio de Janeiro está parado. Anos atrás houve um grande investimento no centro gastronômico da Lagoa Rodrigo de Freitas. Está tudo fechado. O Rio de Janeiro está padecendo, os investidores foram embora. É uma cidade dominada pelo tráfico de drogas de um lado e por milicianos do outro. E não vejo ninguém enfrentando essa situação. O Rio de Janeiro como cartão postal do Brasil é o exemplo mais claro de que precisamos atrair investimentos. Precisamos colocar a economia para girar e gerar riqueza. Uma coisa alimenta a outra.

O senhor é otimista em relação ao Brasil?

Sou muito otimista. As pessoas hoje têm dinheiro e querem investir. E o Brasil oferece uma diversidade imensa de motivos capazes de atrair esses investidores. O Brasil vem amadurecendo como país democrático. Mas precisamos somente tomar cuidado com os populistas.

O senhor está escrevendo um livro. Em que pé está?

Eu tenho evoluído com esse livro. Será um livro muito detalhado, que trará bastidores que ninguém tem, porque ninguém viveu, além de um grupo muito pequeno. Eu vivi esse leque de A a Z. Eu comecei a ler o livro da Thaís Oyama ("Tormenta"), mas tem algumas imprecisões. Mas no geral o livro dela é muito bom. Mas o livro que estou fazendo é mais profundo e detalhado em termos de bastidores. Em princípio eu pensava em lançá-lo em julho deste ano, mas não sei se vou conseguir cumprir o cronograma.

O que o senhor tem feito politicamente?

Eu estou de olho nas eleições de 2022. É muito importante que as próximas eleições presidenciais sejam vencidas por alguém que possa dar continuidade ao que o Paulo Guedes (ministro da Economia) vem fazendo. Dar continuidade a um trabalho que coloque o Brasil em uma posição mais liberal do ponto de vista econômico, mas que seja um governo técnico, democrata e com sensibilidade humana e social. Uma das pessoas que eu acredito ter esse perfil é o governador de São Paulo, o João Dória.

O senhor elogiou o trabalho do ministro Paulo Guedes. Como conciliar o liberalismo econômico defendido por ele com as necessidades de um povo que passa por problemas sociais graves?

Há décadas o Brasil adotou uma fórmula que se mostrou equivocada porque os resultados são ruins. O Brasil é um fabricante de miséria em larga escala. Ao passo que outros países que tinham igual ou pior pobreza se comparados a nós conseguiram evoluir gerando riqueza. Os problemas sociais que nós temos são decorrentes da pobreza. Contra a pobreza só há um remédio, que é a riqueza. Então, sob o ponto de vista econômico eu acredito que o maior garantidor de equilíbrio social é emprego. E emprego só aparece quando existe investimento privado, quando há geração de riqueza ou quando há perspectiva para que isso ocorra. O Brasil precisa gerar um ambiente mais amigável para quem quer empreender.

E por que o senhor já trabalha pensando nas eleições presidenciais de 2022?

Eu enxergava no PT um grande risco à democracia. Porque o PT se perdeu ao longo do caminho. E o receio que eu tinha em relação ao PT era justificado pelo próprio caderno de teses do PT. Então, eu queria que acabasse logo o governo do PT por esse medo. E o sentimento que eu tenho hoje é igual. Porque eu enxergo o Jair Bolsonaro e o Lula absolutamente iguais, só que com o sinal invertido. Os dois têm um perfil autoritário, um perfil de não aceitar o papel da imprensa. O Jair é até pior.

 

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