Alunos da rede pública fazem hortas nas escolas - HELIO MELO/ DIVULGAÇÃO
Alunos da rede pública fazem hortas nas escolasHELIO MELO/ DIVULGAÇÃO
Por Luana Dandara*

Rio - Se a conscientização ambiental na fase adulta ainda é um desafio no Brasil, vide a quantidade de punições e multas implementadas nos últimos anos na área, para os pequenos os ideais da sustentabilidade são cada vez mais conhecidos. Incentivados pelas escolas, que promovem desde hortas sustentáveis até arrecadação de material reciclável, os estudantes já incorporam a preocupação com o meio ambiente no dia a dia, e levam os ensinamentos para casa.

A Secretaria Municipal do Rio, por exemplo, estimula nove projetos nesse âmbito, em parceria com a Secretaria de Conservação e Meio Ambiente. Um deles, Rio Escolas Sustentáveis, desenvolve ações de reuso, reciclagem, coleta seletiva, eficiência energética e consumo consciente da água nos centros educacionais da cidade. As unidades recebem hortas, área para compostagem, captação de água de aparelhos de ar condicionado, entre outros.

Já o Hortas Escolares, que garante alimentação orgânica para mais de 47 mil estudantes, deve ser ampliado neste ano na rede municipal. "Nós notamos que a horta tem permitido que os alunos sejam mais ativos no processo educacional, encarando um protagonismo que é de direito deles por meio de uma alimentação saudável produzida pela escola e que passa por várias mãos", disse Angelica Carvalho, responsável pelas atividades.

Atualmente, os colégios do Rio contam ainda com técnicos agrícolas que lecionam e oferecem orientação. "Acompanhar esse processo de ver a planta pequeninha e depois ela já no prato dá uma satisfação incrível", contou a estudante Angélica Santana, de 11 anos, da Escola Municipal Professor Augusto José Machado. "Vimos na horta uma possibilidade de trabalhar vários ramos do conhecimento. Em matemática, vimos área, perímetro e proporção para dividir os canteiros; em português, o vocabulário e a origem dos nomes das plantas; em ciências, a função das plantas; e em História, os grãos contaram os períodos de desenvolvimento do Brasil", esclareceu a professora Mônica Fragasso, da Escola Municipal Alzira Araújo.

Na Amora Centro Educacional, localizada no Flamengo, os alunos de 4 e 5 anos fazem brinquedos com sucatas, consomem suco verde produzido por eles mesmos, e cuidam de um minhocário e de uma horta. O colégio também prioriza cardápio orgânico para as crianças e insere funcionários e pais nas atividades. "Não acreditamos em uma educação ambiental fragmentada, onde apenas as crianças da escola recebem instruções, buscamos levar a educação ambiental para todo o ambiente escolar incluindo os demais atores locais como os funcionários e os pais”, explicou Tomás Amorim, coordenador do projeto.

O Colégio Notre Dame Recreio é outra instituição de ensino que desenvolve a educação ecológica desde o maternal, com diferentes projetos a cada ano letivo. Ano passado, o tema de uso sustentável da energia limpa venceu um prêmio da Light. Em 2019, as turmas vão focar no uso e reciclagem do plástico. "Acreditamos na educação como transformadora da sociedade. Nosso objetivo é fazer com que os ideais de sustentabilidade façam parte da vida dessas crianças desde pequenas. E o retorno tem sido muito significativo, eles levam as informações para os meios deles e cobram até dos pais as mudanças de atitude", afirmou a coordenadora da Educação Infantil Alessandra Marassi.

O Colégio Mopi, por sua vez, tem desde sua infraestrutura a preocupação com o meio ambiente. O piso da área externa da unidade do Itanhangá é feito com pneu reciclado e também há uma área de ventilação natural para reduzir gastos com energia elétrica. No ano passado, os alunos arrecadaram 250 kg de material reciclável, como plástico e papel, e fizeram a venda desses itens, incentivados pelo professor de biologia Hélio. A verba arrecadada foi revertida em cestas básicas para funcionários. "É fundamental que os estudantes conheçam o impacto direto que tem no ambiente. Nos preocupamos em formar indivíduos preparados para atuar na sociedade, que consigam desenvolver mobilizações em prol da sustentabilidade", esclareceu o coordenador pedagógico do Mopi Luiz Rafael.

"Ou tomamos consciência com o meio ambiente agora, ou vamos caminhar para um grave quadro no planeta", acrescentou Luiz. Desde 2015, tramita no Senado Federal um projeto de lei que propõe que a educação ambiental se torne uma disciplina obrigatória no ensino básico.

*Estagiária sob supervisão de Angélica Fernandes

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