Flavio Migliaccio - Divulgação
Flavio MigliaccioDivulgação
Por iG
São Paulo - Mais silenciosa que o normal, a depressão na terceira idade geralmente apresenta poucos sinais, mas que são importantes na hora de detectar que algo está errado com o pai, avô ou parente mais velho. A morte do ator, produtor, diretor e roteirista Flávio Migliaccio, de 85 anos, acende o alerta para o mal.

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Flávio Migliaccio em 'Órfãos da Terra' Globo/Divulgação
Flávio Migliaccio Reprodução de internet
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Flavio Migliaccio Divulgação
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'Maneco, o Super Tio', parte da 'Mostra Brasileirinhos de Cinema para Crianças' Divulgação
Flávio Migliaccio Thyago Andrade
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Aos 85 anos, o ator foi encontrado morto pelo caseiro em seu sítio em Rio Bonito, no Rio de Janeiro, na segunda-feira. Segundo a polícia, a causa da morte foi suicídio.

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo, o único filho de Migliaccio , Marcelo, o pai sofria de depressão profunda desde o ano passo. A psiquiatra do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da FMUSP, Tânia Alves, afirma ao iG que a depressão pode ser fator para o suicídio. "A depressão pode fazer com que a pessoa perca as esperanças, sem saída para a situação atual", aponta a psiquiatra.
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Como notar depressão nos idosos?
De acordo com Tânia, no jovem a depressão tem um fator genético. Já nos mais velhos, a situação é diferente e pode parecer tanto por causas sociais quanto por relação com doenças clínicas.

"Essa etapa da vida possui traços mais sensíveis. A saída dos filhos de casa, a morte de amigos e a observação de uma vida que poderia ter sido e não foi podem ser fatores para a depressão na terceira idade", completa o psicólogo Luís Gustavo Carvalho.

Ainda há a sensação de inutilidade, a dependência maior que os idosos têm com parentes e a aproximação da morte, que nunca se sabe quando irá chegar.

Em geral, os sintomas em idosos são mais físicos do que psicológicos. "Normalmente sentem dores que não melhoram por nada, ou dores que são justificativas para falta de vontade do idoso de ter o convívio normal com a família ou atividades normais", aponta Tânia.

Outro sintoma que pode ocorrer é o esquecimento, que pode ser diagnosticado erroneamente como demência ou outra doença clínica. "Como a atenção está diminuída, a memória enfraquece mais, mas com o tratamento para depressão, a memória pode retornar", diz a psiquiatra do HC da FMUSP.
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Acolher o idosos e demonstrar afeto é fundamental para cuidar da saúde mental deles
Para os familiares, apesar dos sinais serem silenciosos, há situações que podem servir de alerta. “Se o idoso fica mais quieto, mais isolado, tem um maior desinteresse pela família, se começa a se queixar de fraqueza ou não quer sair de casa. A falta de prazer é o maior sinal, o idoso começa a justificar o mal estar”, diz Tânia.

Diante de um cenário como o citado acima, pode ser o momento de agir. Fazer o idoso estar ativo dentro da família e no círculo social são formas de evitar a depressão, por exemplo.

O tratamento clínico é o mais indicado, mas a família pode auxiliar o idoso neste momento. Estar presente, prestar atenção no isolamento dele e prestar atenção nos sinais que o idoso dá é necessário. "Conversar, falar por vídeo, mostrar interesse e até pedir para os avós participarem de alguma atividade é importante", ressalta Tânia.

Segundo Luís Gustavo, o afeto é insubstituível. "É triste perceber que nossas habilidades motoras estão se esvaindo, que estamos nos tornando inúteis e de estarmos dando trabalho aos familiares. Acolher o idoso e ter paciência é manifestar o afeto", diz o psicólogo.

Às vezes, a reclamação constante pode ser sinal. O principal é esquecer que aquilo é coisa de velho e entender que pode ser algo mais sério. Além do tratamento psiquiátrico, "dar carinho e independência ao idoso pode ser essencial para a saúde mental dele", comenta Tânia.