Bruna Mascarenhas - Thiago de Lucena
Bruna MascarenhasThiago de Lucena
Por Juliana Pimenta

Com 51 milhões de inscritos no YouTube, o KondZilla se tornou o segundo maior canal de música do mundo. Além de lançar e produzir diversos artistas como Kevinho, MC Guimê e Karol Conka, a empresa — personificada na figura de Kond, empresário responsável pela marca — acaba de estrear 'Sintonia', sua primeira série na Netflix. A carioca Bruna Mascarenhas, de 23 anos, é a protagonista Rita e comemora o sucesso da produção, disponível em 190 países e dublada em 27 línguas.

"É tudo muito louco. Eu sabia que a Netflix e o KondZilla eram plataformas grandes. Mas eu não imaginava todo esse sucesso. Em três semanas, passei de três mil para quase 1 milhão de seguidores no Instagram. E tenho amigas que moram fora do país e falam de pessoas que estão vendo uma série brasileira e, quando elas vão ver, é 'Sintonia'. Até ontem, eu estava tentando a vida como todo mundo e do nada virei protagonista de uma série da Netflix. Agradeço muito por essa oportunidade, mas tento manter o pé no chão e entender que esse é só um trabalho, e tem muito mais coisa pela frente", destaca Bruna.

Pura sintonia

‘Sintonia’ é uma série que fala sobre funk, religião, tráfico de drogas, mas, sobretudo, sobre amizade a partir do ponto de vista dos protagonistas. Bruna, que divide a cena com MC Jottapê (MC Doni) e Christian Malheiros (Nando), revela que a boa relação entre o trio extrapolou a ficção. “Os meninos me ajudaram muito. Eles mandavam áudio dos amigos para eu aprender a fazer o sotaque da ‘quebrada’ de São Paulo. Eu tenho muito sotaque de carioca e tive que fazer fonoaudióloga e estudar muito. Treinei o sotaque paulista com a minha família e meus amigos, fui muito zoada, mas eles entenderam. Eu fiquei surpresa, mas bem feliz”, lembra, aos risos.
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Além da preocupação com o sotaque, o tempo de preparação de Bruna foi muito pequeno, se comparado ao resto da equipe. “Eu entrei para o projeto faltando duas semanas para gravar. Inclusive, a Alice Braga, que é uma das produtoras da série, estava falando comigo esses dias que ficou rezando para eu pegar o sotaque. Até porque ela colocou o dela na reta. Eu fiquei nervosa justamente por isso, porque as pessoas confiaram muito em mim. Mas eu descobri que a insegurança pode ser muito boa, pode ser um precursor para você ter mais foco e determinação. Não teve um dia em que eu não estudasse, eu saía de casa só para isso. Às vezes, eu ia até ao mercado só para treinar o meu sotaque de paulista da quebrada na rua. Fiquei muito focada”, revela.
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Caminho do sucesso
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Todo essa obstinação começou quando Bruna decidiu deixar a casa dos pais, em Niterói, e se mudar para São Paulo para tentar a carreira de atriz. “Eu trabalhava na Prefeitura de Maricá e nunca tinha vindo para São Paulo. Pedi conselho para umas amigas e consegui um emprego em um restaurante daqui. Como eu não tinha dinheiro, fui morar numa casa com 19 pessoas, que era o que dava para pagar”, lembra.
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Apesar de já estar morando em São Paulo quando começou a gravar a série, Bruna conta que sentiu muita diferença entre a realidade carioca e paulista. “Eu sou de Niterói e fiz assistência de direção num colégio público de lá. Isso me aproximou das pessoas da ‘quebrada’ do Rio. Mas no Rio, todo mundo é vizinho e eu cresci com esse contato da favela. Em São Paulo é diferente: você pode passar vinte anos sem passar por uma quebrada. No Rio, você pode até fingir que não existe, mas não tem como não ver. É tudo misturado e a praia une todo mundo”, afirma.
 
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Funkeira de carteirinha
 
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Para atestar sua carioquice, Bruna revela que é apaixonada por funk, “principalmente funk carioca”. A rivalidade entre os estados (e ritmos), no entanto, não impediu que a atriz, e o resto do país, se apaixonassem pelo funk apresentado pela série. Não é por menos que as duas músicas da série (“Te Amo Sem Compromisso” e “Passando a Visão”) estão entre as dez mais ouvidas de todo o país na plataforma de streaming “Spotify”. “Eu sabia que ia ser um sucesso, porque a gente ainda estava gravando e toda a equipe já estava com as músicas na cabeça”, lembra.
 
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Menina-mulher
 
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Com fortes indícios de que haja uma segunda temporada, a expectativa é de que ‘Sintonia’ continue mostrando os desdobramento das escolhas de Rita e seus dois amigos. “Espero que tenham mais episódios e que a gente possa adentrar na vida deles. A relação entre eles é baseada no respeito, porque ninguém interfere no ‘corre’ de ninguém, mesmo com opiniões divergentes. E, uma coisa que aprendi com a Rita, é que ela nem sempre tem atitudes honrosas, mas nós somos jovens e estamos aí aprendendo com as nossas escolhas. É bom que ela seja uma protagonista que não esteja presa nessa dualidade do bem e do mal, do certo e do errado. Precisamos aprender com nossos erros, sem nos culpar por eles”.
 
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Além de aprender com Rita sobre responsabilidades, Bruna elogia a independência da protagonista, que é a única responsável pelo seu sustento. “Eu fico fritando na história da Rita. Eu não sei se ela sabe o que é feminismo e qual o tempo que ela tem para entender o lugar dela na sociedade. Mas ela tem muitas atitudes feministas que, por mais que não venham desse lugar teórico, vieram da vida. É muito legal que a série não levanta bandeiras, mas mostra a vida de cada um do jeito que ela é. Eu sou feminista e para mim é muito difícil pensar nisso, mas é importante entender que nem todo mundo é privilegiado para ficar debatendo feminismo enquanto luta para sobreviver”, desabafa.
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