Gabigol - CARLOS COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
GabigolCARLOS COSTA/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Por O Dia
Oito dias após uma das maiores exibições de um time brasileiro na história da Libertadores, goleando o Grêmio por 5 a 0 no Maracanã, o Flamengo parece num ritmo mais comedido no Campeonato Brasileiro. A vitória magra sobre o CSA, no último fim de semana, por 1 a 0, sofrendo alguns sustos do então 18º colocado, parecia ser ainda em razão da ressaca de classificação para a grande decisão sul-americana. Contra o Goiás, nesta quinta-feira, porém, não dá para usar a mesma desculpa.

Sem Rafinha e Gérson, poupados, a intensidade da equipe foi outra. Willian Arão teve mais liberdade para se aproximar do ataque, mas a saída de bola nos pés de Piris da Motta e Rodinei não teve a mesma qualidade - obviamente -, facilitando a organização defensiva dos goianos, que acontecia durante a lentidão dos passes cariocas. 

A compactação do time, um dos pontos fortes de Jorge Jesus, também falhou. Com o paraguaio quase escondido entre Rodrigo Caio e Pablo Marí, sem conseguir quebrar as linhas, e o lateral muito aberto - Rafinha joga um pouco mais por dentro para dar o corredor aos homens de frente -, o Goiás impôs dificuldades a transição rubro-negra, concentrada quase toda nos pés de Filipe Luís, que teve a maior posse de bola do jogo (9%).

Com o time espaçado em diversos momentos, o lateral-esquerdo teve a sua pior marca de passes errados desde que chegou ao clube, com oito toques desperdiçados em 67 tentados.

Em dois blocos distintos - defesa e ataque -, o Flamengo não conseguiu envolver o bom time do Goiás que terminou a partida com impressionantes 27 desarmes certos, sua segunda maior marca nesse Brasileirão. Destaque individual para as grandes atuações defensivas de Rafael Vaz, Léo Sena, Gilberto, Yago Rocha e Barcia. Do zagueiro ao atacante, todos contribuíram para frear o líder do campeonato e melhor ataque do Brasil.

O Fla, por sua vez, roubou apenas 13, número bem abaixo dos 17,5 que tem tido de média. Um número que corrobora a sensação de um time com uma pegada mais frouxa, principalmente na pressão pós-perda que o português tanto cobra de seus comandados.

Ainda assim, o Flamengo conseguiu abrir um 2 a 0 no placar que parecia que lhe daria a vitória. Dois gols no ótimo jogo aéreo trabalhado por Jesus. O Rubro-Negro é o time que mais cruza (744), o que mais cabeceia (80) e o que mais marca gols desta forma (13), apesar dos dois desta quinta terem sido anotados com os pés, num segundo toque após o levantamento - um rebote e uma antecipação.

O Goiás, no entanto, também tem suas armas, e uma das maiores revelações desse Brasileiro: Michael. Na esquerda, às costas de Rodinei, criou os dois gols esmeraldinos. O primeiro, marcado por Rafael Moura. O segundo, por ele próprio, após lindo passe de Vaz, outro destaque do jogo. E criou ainda chances para virar.

A gordura que o Flamengo abriu sofre o seu primeiro corte, com a vantagem caindo de dez para oito em relação ao segundo colocado, o Palmeiras. Nada, porém, que faça com que o alerta em relação ao Brasileiro precise ser ligado. A diferença ainda é sólida e justificada na bola.

Para a decisão da Libertadores, no entanto, em jogo único, o time não poderá dar tantos espaços.

* Com números do Footstats