É isso que mostra o novo Indicador de Desigualdades e Aprendizagens (IDeA), elaborado pelo ex-presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), professor Francisco Soares. O IDeA mede se o ensino oferece igualdade de oportunidades a todos os alunos, independentemente de suas condições socioeconômicas, sexo e raça. Dessa forma, poderemos verificar se os bons indicadores de aprendizagem dos municípios refletem o fato de todos estarem aprendendo por igual.
A escola precisa fazer com que todos os alunos aprendam. Fazer apenas os melhores aprenderem não traduz a competência da escola. Os bons alunos já possuem os elementos que facilitam a aprendizagem que são interesse, esforço, concentração e responsabilidade. O grande desafio encontra-se nos alunos que não possuem esses pré-requisitos e a escola precisa assumir a responsabilidade de desenvolvê-los. Essa situação é análoga ao fato de hospitais serem considerados bons, somente por tratarem casos simples como viroses e alergias que são estatisticamente mais frequentes. A competência de um hospital está em tratar com eficácia todos os casos, em especial os mais graves.
Esse desequilíbrio esconde o fato de os melhores alunos responderem melhor a um ensino tradicional, onde o professor fala e o aluno ouve e, passivamente, só executa as atividades. Esconde também a imensa dificuldade de a escola romper com esse modelo e adotar metodologias participativas que, comprovadamente são mais democráticas em termos de promover a aprendizagem de todos, mas que exigem que a escola adote uma postura de inovação. Qualidade apenas para os melhores não é qualidade.