Rio - Alunos do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet/RJ) realizaram, na manhã desta segunda-feira, uma manifestação na unidade Celso Suckow da Fonseca, no Maracanã, na Zona Norte do Rio, contra a decisão do Ministério da Educação (MEC) de substituir o diretor geral da instituição, Maurício Saldanha Motta, eleito de forma democrática, através de uma intervenção. Durante o protesto, o corpo discente não permitiu que o diretor interventor pro tempore, Maurício Aires Vieira, assumisse o cargo e ele foi embora cerca de 30 minutos após a sua chegada. Os alunos do ensino médio- técnico iniciaram a concentração às 6h e uma hora depois iniciaram o movimento com cartazes espalhados pelo prédios, não permitindo a entrada de Aires na sala da direção geral. Maurício Aires Vieira é do Rio Grande do Sul e era vice-reitor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), naquele mesmo Estado. Até a nomeação, ele trabalhava como assessor e diretor de Programas substituto da Secretaria Executiva do Ministério da Educação (MEC)."Não reconhecemos ele como nosso diretor, então ficarmos aqui na porta foi um ato simbólico da nossa resistência. Embora ele tenha competência acadêmica, a gente não reconhece ele, por ele não ser na comunidade Cefet/RJ, não conhecer a nossa realidade, as nossas necessidades, não tem identificação nenhuma com a gente. Assim que recebemos a notificação nos organizamos como corpo estudantil, fizemos reunião com sindicatos dos professores e organizamos essa recepção. Entramos também em contato com as outras unidades, para não acolher alguém que não foi democraticamente eleito pela instituição de ensino", disse o aluno do 4º ano do ensino médio-técnico Gabriel Merlim, de 18 anos, membro do Grêmio Estudantil. Rio, 19/08/2019 - Manifestacao do alunos do CEFET/RJ, campus Maracana, zona norte do Rio.Na foto.Na foto alunos bloqueiam a entrada da diretoria. Foto: Ricardo Cassiano/Agencia O Dia - Ricardo Cassiano/Agencia O Dia No final da manhã, o diretor geral eleito, Maurício Motta e diretores de outras unidades se reuniram para discutir qual será o futuro do Cefet/RJ. "Essa decisão pode interferir no planejamento de diversos projetos e investimentos do próximo ano letivo. A gente precisa dessa definição para continuar as rotinas acadêmicas e administrativas. O que mais afeta é a autonomia institucional, cada unidade tem também as suas necessidades e projetos. É um cenário crítico quanto ao financiamento de instituições públicas", declarou Motta. Maurício Motta já era o vice-diretor da instituição de ensino na gestão anterior e foi eleito durante as eleições de 2019. A assessoria de imprensa do Cefet esclareceu que a eleição ocorreu de forma democrática, tramitando normalmente pela Procuradoria Jurídica do Cefet/RJ, pelo Conselho Diretor, pela Comissão Eleitoral e pela própria Consultoria Jurídica do MEC (CONJUR). "Hoje o grande questionamento da comunidade é que já existe um processo no MEC, com o resultado de uma consulta. O que se pede é que esse processo seja concluído e que o resultado seja respeitado. Deveriam aguardar o fim do processo da eleição. A surpresa é que isso já estava sendo estabelecido. Quando aparece a figura do pro tempore, o questionamento é o porquê a necessidade dele, se o processo já estava em fase de finalização", concluiu Motta. Rio, 19/08/2019 - Manifestacao do alunos do CEFET/RJ, campus Maracana, zona norte do Rio.Na foto. Na foto o diretor exonerado Mauricio Motta, com diretoras das outras unidades. Foto: Ricardo Cassiano/Agencia O Dia - Ricardo Cassiano/Agencia O Dia Professores também realizaram uma assembléia para discutir a decisão do MEC e o futuro da instituição. Amanhã, os alunos também irão realizar uma assembléia. Procurado, o MEC informou através da assessoria de comunicação que a designação em caráter pro tempore foi motivada pelo término do mandato do diretor geral, da gestão passada, e pela não conclusão da análise do processo eleitoral daquela instituição, realizado no final de abril. "Foram trazidos ao conhecimento do MEC, fatos relacionados ao processo eleitoral que requerem procedimentos administrativos próprios voltados a sua apuração. A conclusão desses procedimentos é fundamental para a finalização da análise do processo eleitoral, de acordo com o que prevê a legislação.Assim, a nomeação de um diretor-geral, em caráter temporário, de forma nenhuma constitui ruptura do processo democrático e da autonomia institucional, mas sim, respeito aos princípios legais e da necessária supervisão, de competência deste Ministério, que pressupõe a adoção de todas as diligências necessárias, para que não restem dúvidas quanto a sua lisura e isenção", esclarecia a nota.