Deivid Vieira da Silva completou 40 anos na última terça-feira - Reprodução
Deivid Vieira da Silva completou 40 anos na última terça-feiraReprodução
Por ADRIANO ARAÚJO
Rio - Um funcionário da empresa Ortobom morreu atingido por duas pilhas de madeira na fábrica da empresa em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, na manhã desta quinta-feira. Deivid Vieira da Silva, 40 anos, acompanhava o transporte do material em uma empilhadeira quando ele despencou de uma altura de cerca de três metros, sendo esmagado pelas pilhas que têm cerca de 250 chapas de madeira cada.
Bombeiros do Quartel de Nova Iguaçu chegaram a ser chamados na fábrica, às 7h13, mas Deivid morreu na hora. A vítima, que seria encarregado do setor de almoxarifado, completou 40 anos na última terça-feira e preparava a festa dos filhos gêmeos, que farão dois anos semana que vem. Ele era casado e tinha um terceiro filho, que teria nove anos.
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Pilhas de madeiras inclinadas: funcionário da Ortobom foi atingindo quando duas delas eram transportadas em fábrica de Nova Iguaçu WhatsApp O DIA (98762-8248)
Pilhas de madeiras inclinadas: funcionário da Ortobom foi atingindo quando duas delas eram transportadas em fábrica de Nova Iguaçu WhatsApp O DIA (98762-8248)
Funcionários denunciam precariedade e péssimas condições de trabalho na fábrica da Ortobom, onde trabalhador morreu esmagado por pilhas de madeira. Na foto, alagamento após chuva WhatsApp O DIA (98762-8248)
Funcionários denunciam precariedade e péssimas condições de trabalho na fábrica da Ortobom, onde trabalhador morreu esmagado por pilhas de madeira. Na foto, alagamento após chuva WhatsApp O DIA (98762-8248)
Funcionários denunciam precariedade e péssimas condições de trabalho na fábrica da Ortobom, onde trabalhador morreu esmagado por pilhas de madeira. Na foto, alagamento após chuva WhatsApp O DIA (98762-8248)
Funcionários denunciam precariedade e péssimas condições de trabalho na fábrica da Ortobom, onde trabalhador morreu esmagado por pilhas de madeira. Na foto, alagamento após chuva WhatsApp O DIA (98762-8248)
Funcionários denunciam precariedade e péssimas condições de trabalho na fábrica da Ortobom, onde trabalhador morreu esmagado por pilhas de madeira WhatsApp O DIA (98762-8248)
Funcionários denunciam precariedade e péssimas condições de trabalho na fábrica da Ortobom, onde trabalhador morreu esmagado por pilhas de madeira WhatsApp O DIA (98762-8248)
Deivid trabalhava na fábrica da Ortobom em Nova Iguaçu e foi esmagado por pilhas de madeira Reprodução
Funcionário morreu esmagado por pilhas de chapa de madeira em fábrica de colchões em Nova Iguaçu WhatsApp O DIA (98762-8248)
"Tinham duas pilhas a mais de três metros de altura, caiu em cima dele, o corpo dele dobrou. Aqui não tem enfermeiro, não tem segurança nenhuma. Retiramos as pilhas de cima dele, tentamos salvá-lo, mas ele não tinha mais pulsação. Ele dava a vida pela empresa", disse um funcionário que trabalhava com Deivid.
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Os funcionários criticam a postura da empresa, que mandou os empregados continuarem trabalhando e fizeram ameaças, mesmo com o corpo de Deivid ainda no local. A empresa nega e disse que todos foram liberados e suspendeu as atividades do dia.
"O gerente geral, José Antônio, maltratou a gente, disse que poderíamos sair, que a porta era serventia da casa. Outro gerente, Cristiano, mandou continuar com a produção, como se nada tivesse acontecido", relatou o trabalhador, que preferiu não se identificar. "Era meu amigo, me treinou quando eu entrei. Era super gente boa, família. É uma tragédia, está todo mundo abalado", completou.
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A Polícia Civil foi acionada para a fábrica após a morte e realiza um trabalho de perícia no local. A instituição ainda não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre a investigação do caso.
O sepultamento de Deivid Vieira da Silva, 40 anos, vai acontecer no Cemitério de Nova Iguaçu, nesta sexta-feira, a partir das 14h30.
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'Tragédia anunciada', diz funcionário
Um funcionário da fábrica da Ortobom relatou que o que aconteceu nesta quinta-feira já era esperado, diante das péssimas condições de trabalho que eles denunciam existir no local.
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"Parece um trabalho escravo, onde tudo é mal armazenado, uma negligência total. Era uma tragédia anunciada", falou.
Ele também revela que falta equipamentos para trabalhar e o uniforme de novos funcionários demoram meses para chegar. "A gente trabalha em condições deploráveis, sem segurança, sem EPI (equipamento de produção individual), sem uniforme, demoramos para receber, eu mesmo estou com a roupa de casa", contou.
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Segundo o empregado, esta não é a primeira morte que ocorre na empresa. Desde que começou a trabalhar na fábrica, há dois, outras duas pessoas morreram. Uma sofreu uma parada cardíaca durante o expediente. Ele denuncia que a vítima, que estava na sede do bairro Camari, também em Nova Iguaçu, pediu para ser liberada para ir ao médico horas antes de enfartar, mas não foi autorizada sua saída pelo gerente.
A outra vítima morreu ao ser atingida por uma caixa de molas usadas para montar a cama, na mesma fábrica que hoje Deivid morreu esmagado. Ele também não resistiu e morreu na hora.
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Procurada, a empresa Ortobom disse que lamenta a morte do funcionário e que está prestando assistência à família e colaborando com as autoridades. Quanto às denúncias, disse que segue a legislação vigente e faz treinamentos periódicos.
Manifestação
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Amigos e familiares estão marcando uma manifestação, nesta sexta-feira, em protesto a morte do funcionário. Segundo relatos, o grupo planeja se concentrar às 7h em frente ao galpão da fábrica da empresa em Nova Iguaçu.
Leia a nota da Ortobom na íntegra
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"A Ortobom lamenta o fato ocorrido, está prestando toda a assistência à família e colabora com as autoridades competentes para esclarecimento do ocorrido. A empresa possui profissionais especializados em segurança de trabalho e cumpre com todas as normas da legislação vigente. Periodicamente realiza treinamentos específicos com os colaboradores de cada setor, a fim de instruir e orientar na conduta adequada, tais como utilização do EPI (equipamento de proteção individual), EPCs (equipamentos de proteção coletiva), bem como condutas para a prevenção de acidentes. Imediatamente a empresa liberou os funcionários e suspendeu as atividades do dia."