Entrevista com Helio Cabral Moreira, presidente da Cedae - Estefan Radovicz / Agencia O Dia
Entrevista com Helio Cabral Moreira, presidente da CedaeEstefan Radovicz / Agencia O Dia
Por O Dia

Com a chegada do verão e o calor intenso, quando há um grande aumento no consumo de água, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) fará uma força-tarefa contra o desperdício. De acordo com o presidente Hélio Cabral Moreira, a ação, que começa em dezembro e se estenderá até o mês de março do próximo ano, vai envolver cerca de mil homens. Entre eles, apenados que trabalham na companhia.

"A ação visa trazer um consumo consciente de água e evitar desperdício. Ao evitarmos perdas, com certeza vamos melhorar o abastecimento de água em toda a Região Metropolitana, com ênfase no período do verão", explicou o presidente da companhia.

Ainda de acordo com Moreira, dentro da força-tarefa, 420 mil novos hidrômetros estão sendo adquiridos e serão instalados. O investimento para compra e instalação será de cerca de R$ 39 milhões. "Vamos reduzir a falta d'água no verão. Os focos são as ligações clandestinas e os clientes não hidrometrados, ou seja, quando a pessoa tem água, mas não hidrômetro, pagando o consumo por estimativa", adiantou Moreira.

Conforme dados da Cedae, de janeiro a novembro deste ano a equipe de Segurança Patrimonial realizou 5.955 atuações, que resultaram em 1.547 autos de infração em operações que retiraram ligações clandestinas. Os "gatos" danificam a rede de distribuição da companhia, causando vazamentos de água e reduzindo a pressão no sistema, o que prejudica o abastecimento.

Moreira acredita que o principal objetivo é atender bem o cliente. Ele lembra que, no início da sua gestão, em janeiro, havia cerca de 15 mil vazamentos pedentes. Atualmente, a companhia atua com 500 solicitações em aberto, o que é adequado ao volume de solicitações: cerca de 250 por dia. Hoje, o compromisso da instituição é atender as solicitações de vazamento de água em até 72 horas.

"Recebi um prefeito da Baixada Fluminense que me falou: 'Não ligo mais para você. Antes, eu ligava sempre para a Cedae. Hoje, quando passo por um vazamento, no outro dia ele não está mais lá'", empolga-se o presidente. De acordo com ele, o passivo foi equacionado e a companhia manterá o prazo de 72 horas para solução dos problemas.

'A Baixada não terá mais falta d'água'
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Como estão as obras do Programa de Abastecimento de Água da Baixada Fluminense e do Novo Guandu?
Em fase de execução. As obras estão orçadas em R$ 3,4 bilhões, sendo R$ 3,1 bilhões de empréstimo da Caixa Econômica e o restante, recursos da Cedae. As obras estão em andamento. Além de ampliar a oferta de água para a Baixada, esse conjunto de obras vai beneficiar cerca de três milhões de pessoas em toda a região. O projeto ficará pronto no final de 2022. Aí sim, a Baixada não terá mais falta d'água. São mais de 40 reservatórios só na região. Com a nova estação de tratamento, será aumentada em 30% a produção de água do Guandu.
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Há novidades para o esgotamento sanitário na Zona Oeste da cidade?
Serão executadas 41 obras de esgotamento sanitário, orçadas em cerca de R$ 1,7 bilhão, ao longo dos próximos 15 anos, na região que abrange os bairros de Jacarepaguá, Recreio dos Bandeirantes e Barra da Tijuca. A Cedae já ampliou a cobertura do esgotamento sanitário de zero para cerca de 85% na Barra e 70% no Recreio. Vamos universalizar o tratamento naquela região. O projeto vai começar em 2020.
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Quais as medidas previstas para a melhoria no abastecimento de água?
A melhoria vai além das obras. Para reduzir as perdas causadas por vazamento de água, a companhia colocou nas ruas novas equipes de manutenção, reduzindo o tempo de atendimento de demandas de vazamentos e realiza, continuamente, o combate às ligações clandestinas.
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A Cedae tem alcançado resultados positivos na atual gestão?
O lucro líquido neste trimestre, quando comparado com o mesmo período do ano passado, apresentou aumento de 253% (R$ 940,2 milhões). As melhorias operacionais acontecem em conjunto com a maior capacidade de investimento da empresa, em parte, devido à redução de despesas.
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Quais foram essas reduções de despesas?
De janeiro a agosto deste ano, foi adotada uma série de medidas na área de gestão de pessoas que já resultou em uma redução equivalente a 12% nas despesas com pessoal. Houve também redução de 37,1% dos cargos em comissão, entre outras ações. As despesas administrativas também foram reduzidas, como o encolhimento de 25% dos gastos com transporte administrativo.
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A Cedae tem parcerias sobre reúso de efluentes e água da companhia?
Estão sendo feitas parcerias com a UERJ e UFRJ para verificar a possibilidade de utilização do lodo oriundo das estações de tratamento de água e esgoto para a fabricação de tijolos. Também está em tratativas com a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) a possibilidade das indústrias se interessarem em comprar nossa água de reúso por preço mais barato que a água potável, e que seria utilizada em processos industriais. Hoje, a nossa água de reúso é oferecida, gratuitamente, à Prefeitura do Rio, que a usa para regar jardins e na limpeza das ruas.
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E quanto ao programa da Cedae que tem como objetivo dar oportunidade de trabalho para pessoas em cumprimento de pena?
Em outubro foi assinado um convênio que possibilita a contratação de mais 500 apenados do sistema prisional. A companhia passará a ter em seus quadros um total de mil pessoas em cumprimento de pena. São homens e mulheres que atuarão em setores administrativos, operacionais, serviços de copa, limpeza, recuperação ambiental dos mananciais hídricos e outros. Desses apenados, 80% não retornam ao crime. É muito bom para o apenado, porque ele se sente útil de novo.
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O que levou a Cedae a receber o Prêmio de Governança Corporativa da Controlaria Geral do Estado?
A premiação foi por causa da inciativa "Ação pela Integridade" destinada à promoção da integridade e prevenção da corrupção. Criamos uma área de governança que tem regras e práticas de permanente controle e vigilância do estatuto e regulamento da empresa, para que toda a instituição trabalhe dentro das regras e práticas constitucionais.
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