Enterro da criança de onze anos, Jenifer Silene Gomes, que foi baleada no peito e morreu na tarde na porta do bar da família, no bairro Triagem, na Zona Norte do Rio - Daniel Castelo Branco
Enterro da criança de onze anos, Jenifer Silene Gomes, que foi baleada no peito e morreu na tarde na porta do bar da família, no bairro Triagem, na Zona Norte do RioDaniel Castelo Branco
Por O Dia
Rio - O episódio envolvendo a morte de uma criança de 8 anos atingida por bala perdida, na noite desta quinta-feira, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, não foi um caso isolado. Apenas em 2019, 24 crianças foram baleadas no Grande Rio. Segundo um levantamento feito pela plataforma Fogo Cruzado, dessas vítimas, 7 foram fatais. Já em 2018, foram 25 crianças baleadas e 4 delas não resistiram aos ferimentos. Já em relação a terceira idade, 41 idosos foram baleados na Região Metropolitana, dos quais 24 morreram. O número de baleados de 2019 representa uma queda de 5% em comparação ao total de baleados em 2018, quando houve 43 idosos vítimas. No entanto, o número de mortos em 2019 (24) superou em 20% o mesmo período em 2018, que totalizou 20 vítimas fatais.
Houve ainda 88 adolescentes baleados – dos quais 53 morreram. O número é ligeiramente maior que o registrado em 2018: 86 baleados - dos quais, 42 mortos. Crianças e adolescentes baleados (112) representam 4% do total de vítimas em 2019 (2.876). Do total de vítimas de bala perdida em 2019 (189), 20 eram crianças e 16 adolescentes. Destes, 5 crianças e 4 adolescentes morreram. 
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Um dos casos mais repercutidos em 2019 foi a morte da menina Ágatha Félix, de 8 anos, no Complexo do Alemão, na Zona Norte do Rio. Ela estava dentro de uma kombi quando policiais militares efetuaram os disparos. Ágatha, que foi baleada nas costas, foi socorrida no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. Ela morreu na madrugada deste sábado, após ser levada ao centro cirúrgico da unidade. Em dezembro, um Policial Militar foi denunciado pelo crime de homicídio qualificado da criança. Ele foi afastado do policiamento de ruas e sua autorização de porte de arma de fogo foi suspenso. 
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A cidade do Rio de Janeiro, assim como em 2018, concentrou o maior número de idosos baleados também em 2019: 13 (5 mortos e 8 feridos). Apesar de aparecer em segundo lugar no ranking do total de baleados (12), São Gonçalo foi a cidade mais letal para idosos em decorrência da violência armada no Grande Rio: foram 9 mortos e outros 3 feridos. Em relação a 2018, houve um aumento de 167% no número de mortos no município, quando 3 idosos foram mortos a tiros.
Na sequência do ranking dos cinco primeiros municípios com mais baleados, ficaram Niterói, com 5 baleados (2 mortos e 3 feridos); Belford Roxo, com 4 baleados (2 mortos e 2 feridos); e Maricá, com 2 mortos.
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Além das balas perdidas

Representando 61% dos casos de idosos baleados no Grande Rio, as balas perdidas não foram a única forma de vitimar idosos: 10 foram vítimas de homicídios ou execuções e outros 8 foram baleados durante assaltos (4 mortos e 4 feridos).

Vítima de execução, o advogado Jorge Pires Vieira, de 67 anos, foi morto com 3 tiros dentro de casa, em 8 de novembro, no bairro Jardim Meriti, em São João de Meriti, Baixada Fluminense. Depois do crime, a esposa de Jorge, a professora aposentada Márcia Menezes passou mal e foi levada às pressas para uma UPA. Márcia teve um AVC e morreu.