O caso da bancária foi parar na delegacia e a polícia passou a investigar a modalidade usada por criminosos do mundo cibernético. Eles invadem as contas de WhatsApp através de um código digitado pelo dono do aparelho celular e, a partir dali, pedem dinheiro emprestado para os contatos da vítima. Para ter acesso ao sistema do aplicativo, enviam mensagens simpáticas ou fazem ligações enganosas. A partir do código digitado, passam a ter controle do aplicativo. Diariamente centenas de pessoas caem no mesmo golpe.
“Na verdade, meu amigo foi a primeira vítima e eu a segunda. Invadiram o celular dele e dispararam mensagens para pessoas mais próximas. Eu confiei e depositei o dinheiro na conta de uma pessoa que eu não conhecia. Mas como a mensagem foi enviada por um amigo, eu não vi problema em fazer o depósito.”
Daniele conta que tentou uma negociação amigável com a gerência de sua agência bancária, mas sem sucesso. Ela só conseguiu o dinheiro de volta com a ajuda da outra vítima. “Mesmo ele não sendo o responsável pelo golpe, fez questão de pagar o que depositei.”
Nem sempre as vítimas conseguem ter a mesma sorte que Daniele. Trabalhando como auxiliar administrativo em uma empresa no Centro do Rio, um homem de 32 anos, que preferiu não se identificar, disse que também foi alvo dos criminosos.
“Eu recebi as mensagens e acabei digitando o código enviado por eles. Não tinha ideia da besteira que estava fazendo naquele momento. Comecei a receber ligações dos meus amigos perguntando se eu estava bem e por que precisava de dinheiro. Eles estavam assustados, pensando que eu estava sendo ameaçado por alguém e por isso precisava pagar uma dívida. Infelizmente, algumas pessoas fizeram o deposito e, agora não tenho como pagar esse dinheiro de volta”, argumenta.
Em dezembro de 2019, vários famosos tiveram seus nomes envolvidos em golpes aplicados através do WhatsApp. Entre os mais conhecidos estão o humorista Paulo Gustavo, a cantora Preta Gil, a dupla sertaneja Henrique e Juliano, a jornalista Renata Capucci e o apresentador Celso Portiolli.
Na ocasião, Portiolli usou sua conta oficial nas redes sociais para denunciar. "Atenção, pessoal, novo golpe! Tão olhando aí nas pessoas que eu sigo, pegando os contatos comerciais no perfil dessas pessoas que eu sigo - tem muitas que são profissionais e tem telefones de contato ali - e estão ligando, dizendo que eu estou fazendo evento e uma festa. É mentira!".
Esse tipo de crime é tratado como estelionato e pode ser denunciado em qualquer delegacia. Segundo o Instituto de Segurança Publica (ISP), o numero de estelionato subiu de 34.493, em 2018, para 41.253, em 2019. Somente no mês de dezembro foram 3.645 casos registrado, 949 casos a mais que o mesmo período do ano anterior.
1 – Golpe da festa - Conforme mencionado acima, O usuário recebe uma ligação do golpista informando que ele foi sorteado para participar de um evento restrito e que para confirmar sua inscrição nesse evento (ou na promoção) basta que ele confirme os códigos que foram enviados por SMS para o seu aparelho.
2 – Golpe do Empréstimo - Já de posse do WhatsApp clonado, o golpista envia mensagens para os seus contatos relatando que precisa fazer uma transferência bancária para um familiar mas que o limite diário do banco já foi alcançado, e pede se a vítima pode realizar esta transferência, e que no dia seguinte irá devolver a quantia.
3 – Golpe da Promoção imperdível - A vítima recebe uma mensagem, que pode ser via WhatsApp ou SMS, como se fosse de uma loja conhecida, informando que os primeiros 100 clientes que efetuarem a compra através do link enviado na mensagem terão um desconto de 80% no valor original do produto. Objetivo: coleta os dados do cartão de crédito para clonagem.
4 – Golpe do Empréstimo bancário - O golpista envia mensagem dizendo ser de uma instituição financeira que está com uma campanha de juros super atrativos e aprovação de crédito sem consulta aos órgãos de proteção ao crédito, basta que a vítima realize o cadastro e pague a taxa administrativa via boleto bancário. Golpe visto também por chamada telefônica.
5 – Golpe das plataformas de leilões online - Os golpistas monitoram as plataformas de venda online entre usuários (Ex.: OLX) à procura dos números de telefone divulgados pelos vendedores e enviam mensagens informando ser um funcionário do site, e que para que o seu anúncio seja mantido, é necessário validar um código enviado para o seu celular. Este código na verdade é o código de instalação do WhatsApp.