"Eles (criminosos) são os olhos da cidade e estão vendo tudo. A maior parte das lojas afastadas do Centro não consegue repor seus produtos. As entregas não chegam, pois os caminhões estão sendo parados e roubados no meio do caminho", desabafa uma comerciante de Belford Roxo, na Baixada Fluminense. Por conta dos roubos de cargas, muitas lojas da região estão com as prateleiras praticamente vazias.
A violência está não apenas na falta de acesso aos produtos de primeiras necessidades: ela permeia o dia a dia do município. Na entrada do bairro Jardim Redentor, uma placa de trânsito com mais de 100 marcas de tiros retrata bem como é viver, ou melhor, sobreviver em Belford Roxo.
Com barricadas espalhadas pelas ruas, moradores deixam o recado para quem chega: "Sejam bem-vindos à Faixa de Gaza da Baixada".
Dados da plataforma Fogo Cruzado mostram que em 2019 o município registrou 544 casos de tiroteios. Já em janeiro deste ano, foram notificados 25 casos. Não à toa, Belford Roxo foi considerado, em 2019, o município mais violento da Região Metropolitana do Rio.
A Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) apresentou dados mostrando que as empresas de transporte sofreram prejuízo de R$ 386 milhões no ano passado, por conta dos roubos de cargas, e 97% deles aconteceram exatamente na Região Metropolitana.