Cuidados em meio à pandemia do coronavírus - Arte / Agência O DIA
Cuidados em meio à pandemia do coronavírusArte / Agência O DIA
Por O Dia
Rio - Os profissionais que estão na linha de frente têm dado um exemplo que precisa ser seguido pelos gestores da Saúde no Rio. É preciso aliviar a carga que pesa sobre eles.

O jornalista Sidney Rezende publicou em sua coluna, aqui n’O Dia, na quarta-feira passada, que a vereadora Tereza Bergher, do PSDB, apresentou um projeto que isenta os profissionais da saúde do pagamento da taxa de estacionamento nas ruas do Rio de Janeiro.  A vereadora está certa e sua iniciativa, por mais tímida que pareça, é positiva.
Tudo o que puder ser feito para aliviar a sobrecarga desses profissionais, nem que seja apenas livrá-los da preocupação de serem multados por estacionamento irregular, significará uma maneira de melhorar suas condições de trabalho num momento em que a exigência sobre eles está especialmente pesada.
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Reforçar a importância dos profissionais de Saúde e as dificuldades do trabalho que eles realizam é fundamental neste momento em que as discussões sobre a pandemia têm tomado rumos que só aumentam a gravidade do problema. Não é o caso de entrar, aqui, na disputa entre o presidente Jair Bolsonaro, que defende a flexibilização das medidas de isolamento, e os governadores dos estados, entre eles o do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que apoiam a quarentena.
Não posso esconder, como cidadão e empresário, minha preocupação com os possíveis efeitos da paralisação da Economia sobre os negócios e os empregos. Mesmo assim, minha posição pessoal é favorável às medidas de restrição de movimentação tomadas para preservar a saúde da população.
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Tentar reduzir o contágio pelo coronavírus é fundamental. Trata-se de uma medida prudente, que precisa ser tomada de acordo com os protocolos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e que cumprirá o papel fundamental de salvar vidas.

PRECARIEDADE DO SISTEMA — A medida não apenas reduzirá o número de infectados pelo coronavírus como também contribuirá para impedir que o sistema de Saúde entre em colapso. Além disso, aliviará a sobrecarga sobre os profissionais da linha de frente — o que é tão importante quanto ter lugar para acolher os pacientes. Impedir o colapso e aliviar a sobrecarga são medidas fundamentais, sobretudo em um sistema que, de alguns anos para cá, tem demonstrado dificuldade para se equilibrar sobre as próprias pernas.
A população tem sentido na própria pele a precariedade do sistema de Saúde do Rio. Há leitos desativados, equipamentos inoperantes e prédios mal conservados. O número de médicos, de paramédicos e de outros profissionais também é insuficiente. Agora, com as providências anunciadas para preparar a rede para atender os casos de coronavírus, está prestes a receber o primeiro investimento substancial em muitos anos. É preciso ter cuidado: a precariedade exige que os investimentos, por mais emergenciais que sejam, precisam ser feitos com cuidados redobrados para se evitar qualquer desperdício.

O LEGADO DA CRISE — As medidas de emergência preveem a ampliação substancial da quantidade de leitos, inclusive de UTI, dedicados ao tratamento da deficiência respiratória associada ao coronavírus. Incluem também, e isso é importante, a contratação de quase quatro mil profissionais para trabalhar no atendimento aos pacientes. Esse reforço será fundamental, sobretudo no momento em que os casos de infecção, hoje concentrados na Barra da Tijuca, Leblon e Ipanema, chegarem às comunidades, aos bairros mais populosos da Zona Norte e às pessoas sem acesso aos hospitais particulares atendidos pelos planos de saúde.
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Será importante que, passada a fase mais aguda do problema e depois que os hospitais de campanha previstos no plano de emergência forem desmontados, parte dos investimentos feitos agora, seja em equipamentos, seja em profissionais continue à disposição da população. E que, também depois que a pandemia for debelada, os gestores públicos espelhem-se no exemplo dos profissionais da linha de frente — que têm se desdobrado para atender à população — e se dediquem a consolidar um sistema de saúde ágil e eficaz como o Rio merece.
Essa talvez seja a principal homenagem que pode ser prestada aos profissionais que lutam para salvar vidas na linha de frente.
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