Welder Rodrigues no programa humorístico Tá No ArEstevam / TV Globo

Rio - Welder Rodrigues tem uma história marcada pela dedicação à arte e paixão pelo humor. Há três décadas nos palcos, o ator de 54 anos tem uma bagagem de personagens que marcaram o humor brasileiro, como o prefeito Sabá Bodó, da novela "Mar do Sertão", da TV Globo, que voltou no atual folhetim das seis, "No Rancho Fundo".
Em entrevista ao Meia Hora, o humorista relembra o início da carreira no teatro e na televisão, compartilha alguns bastidores da atuação e comenta como é voltar a interpretar um personagem em nova produção. Confira.
Como foi o início da carreira? Quando você percebeu que seria ator?
A minha carreira começou em 1979, quando fiz uma peça na escola. A diretora mandou parar porque eu fazia uma sátira política, e aí eu falei que nunca mais iria parar de fazer isso. E foi neste momento que começou.
Como é a sua preparação para interpretar os personagens?
Eu primeiro gosto de saber o que o autor e diretor querem. Como eu sou autodidata e já criei muitos personagens para o meu grupo de teatro, "Os Melhores do Mundo", quando chego na televisão, eu sempre pergunto o que o autor e o diretor querem, tanto nas peças de humor quanto nas novelas. E a gente sempre acha o lugar comum para criar o personagem.
Você sempre quis trabalhar com a comédia?
Foi natural eu trabalhar com comédia. Desde sempre. A minha carreira inteira no trabalho é voltada para a comédia. Tanto que fui convidado para fazer comédia na novela.
Quais são os maiores desafios na carreira de ator?
Para mim, é uma coisa tão prazerosa que eu nem sei se ela cabe a palavra desafio. Acho que é mais identificação do que desafio. Porque desafio não é. A melhor palavra é dedicação. E para mim é excelente! Eu tenho realmente prazer em atuar. Gravar uma externa em dia de sol, meio-dia, é difícil, mas na maioria das vezes é muito prazeroso.
Você pode compartilhar alguma experiência memorável dos bastidores?
Já tive uma experiência de um quase assalto na coxia. A gente estava em cena e entrou um cara tentando roubar as nossas coisas durante a peça. A gente só viu o movimento dos seguranças tirando o cara. Essa foi inusitada. Já pegou fogo na cortina e a gente apagou com o extintor. Só no teatro são 30 anos de carreira, né? Então tem muita história.
Quais são suas fontes de inspiração? Existem atores ou filmes que o influenciaram?
Da minha geração de humoristas, são os dos anos 1970, como Chico Anysio e Jô Soares, além dos programas de humor como "Monty Python" e "Os Trapalhões". A minha geração foi influenciada por esses homens.
Em sua opinião, qual é a importância do humor na arte?
Não falo só de humor, mas a arte inteira. A gente viu isso na pandemia, como a arte é importante. As pessoas ficaram em casa consumindo música, filme, comédia, drama, terror… E foi importantíssimo quando estava todo mundo recluso dentro de casa para sair um pouco da realidade que foi imposta pela pandemia.
Como é fazer a continuação de um personagem, como agora em 'No Rancho Fundo'? Existe algum desafio ou mudança na preparação?
A gente ficou muito feliz. Foram vários personagens do "Mar do Sertão" que vieram. Facilita muito, pois você já sabe o que vai dar certo e o que não deu certo. Os personagens já têm a empatia do público. A gente está muito feliz, e os números da audiência estão mostrando isso também, que as pessoas gostaram da volta de todos os personagens e dos novos também.
Algum projeto futuro após 'No Rancho Fundo'?
Ainda não sei. A gente sabe que vários projetos de humor já estão na mesa da Globo. Agora é esperar bater o martelo para saber qual ou quais serão aprovados. Muitos projetos estão sendo apresentados e, com certeza, vão usar o elenco de humor que já trabalha na casa.
Qual foi o papel que mais marcou a sua carreira até o momento?
Eu brinco que o papel que mais marca a minha carreira é o que estou fazendo hoje. Só que eu gravo o Sabá Bodó (personagem de "No Rancho Fundo") durante a semana e no final de semana estou em cartaz com alguma peça do meu grupo, "Os Melhores do Mundo". A gente está em cartaz sem interrupção há 30 anos. Todo fim de semana eu estou no palco. A gente tem doze espetáculos, então, toda semana eu faço uma variedade de personagens. E é o que estou fazendo hoje! Neste domingo, eu vou estar em cartaz em Brasília com uma peça chamada Misticismo, onde eu faço oito personagens.
Qual conselho você daria para quem está começando e deseja seguir na carreira de ator, em especial no humor?
Eu recomendo você se informar muito, ler muito. É um lugar comum, mas, às vezes, as pessoas não fazem, né? Quanto mais você se informa, quanto mais você lê, quanto mais você consome arte, quanto mais você escuta música, quanto mais você viaja, você vai criando o repertório para aumentar o seu senso crítico. E o humor ele basicamente é senso crítico. Prepare-se todos os dias até morrer.