Amigos e familiares cantam sambas e pagodes durante enterro de Anderson 'Molejão', em Sulacap Maria Eduarda Volta/Agência O Dia

Rio - Ao som de músicas marcantes do grupo Molejo e de outros sambas, o vocalista do grupo de pagode Anderson Leonardo foi sepultado no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, Zona Oeste do Rio, por volta das 16h30 deste domingo (28). Emocionados, familiares, amigos e fãs do cantor fizeram questão de cantar, tocar e dançar durante o cortejo, como forma de homenagear o 'Molejão', que tinha como marca registrada a alegria.
O caixão saiu da capela onde o corpo estava sendo velado desde o início da tarde ao som do hino do Flamengo, time do coração do cantor. Em seguida, os amigos puxaram músicas do Tim Maia e também pagodes e sambas marcantes. O corpo do artista foi enterrado ao som da música "O show tem que continuar", do Arlindo Cruz. "Você jamais será esquecido", disse um amigo de Anderson, seguido de uma salva de aplausos. Veja o vídeo:
Chorando bastante, a ex-mulher do cantor, Paula Cardoso, lembrou das últimas palavras ditas por ele antes de morrer: "O trabalho tem que continuar". Ainda segundo ela, Anderson pediu para que a família continuasse unida. "A nossa família vai continuar unida, porque era assim que você queria, para sempre vai ser". 
O André Silva, mais conhecido como Andrezinho, vocalista do Molejo, também esteve presente, junto com todos os integrantes do grupo de pagode. "Nos conhecemos desde a infância, passamos por coisas boas e ruins, no final essa é a pior de todas. A história vai continuar sempre, vocês vão fazer com que isso prospere. Nosso cantor vai descansar aqui, mas estar sempre cuidando dos nossos corações", disse ele durante o cortejo.
A cerimônia do velório foi reservada para os mais próximos, mas, diante da multidão que se aglomerava do lado de fora da capela, a família permitiu que alguns fãs se despedissem de longe - e de forma breve. Artistas como Zeca Pagodinho e Dudu Nobre enviaram coroas de flores como homenagem. Os cantores Mumuzinho, Xande de Pilares, Sérgio Loroza e Pretinho da Serrinha foram pessoalmente se despedir do amigo. 
O pai de Anderson, Ubirajara de Souza, o Bira Hawai, de 72 anos, não conseguiu segurar as lágrimas ao falar do filho. Bira, que é produtor musical, é o incentivador da criação do Molejo e também o responsável pelos álbuns de outros grupos de pagode dos anos 90, como Exaltasamba, Soweto, Revelação e Samprazer.
"A família Molejo agradece muito. Hoje a gente está um pouco baqueado, porque não é fácil. É uma perda muito grande. Um dos maiores artistas do país partiu, mas deixou um bom legado. Eu só queria agradecer todos vocês pela força que estão nos dando. Estou muito abatido", desabafou Bira Hawai.
Luta contra a doença
O vocalista do Molejo foi diagnosticado com a doença na área inguinal em outubro de 2022. Meses após anunciar que estava curado, o cantor precisou retomar o tratamento em 2023. No dia 27 de fevereiro de 2024, voltou a ser internado em um hospital do Rio, onde passou por imunoterapia e recebeu medicação para dores. Ele teve alta no dia 19 de março.
Contudo, quatro dias depois, retornou à unidade de saúde em estado grave. No dia 8 deste mês, ele foi transferido para a Unidade de Terapia Intensiva em decorrência de quadro de insuficiência renal. Três dias depois, Anderson foi para o quarto, mas após ter uma piora, retornou a UTI no último dia 22. Nas últimas horas, o estado de saúde dele se agravou e ele veio a óbito, nesta sexta.
Na fase inicial do tratamento, ele ainda chegou a manter parte da agenda de shows e participações em programas de TV. No "Encontro", da TV Globo, ao ser entrevistado por Patrícia Poeta, numa dessas ocasiões, afirmou que não foi "fácil" receber o diagnóstico, mas demonstrou esperança ao falar da luta contra a doença.