Pedro Rocha ? Diretor de Ensino do Colégio e Curso Pensi Divulgação

O dia 28 de abril é conhecido como o Dia Mundial da Educação. Porém, o simples fato dessa data não ser amplamente divulgada e conhecida mostra o tamanho do desafio ao falar sobre educação no território nacional. Os desafios são muitos, mas com uma certeza de que a educação tem a potência necessária para caminhos mais prósperos.

Hoje temos um grande hiato em relação aos cursos de formação de professores e a realidade das salas de aula. Segundo dados do último Censo da Educação Superior de 2021, o número de ingressantes em cursos superiores de graduação, na modalidade de educação a distância [EaD], aumentou 474%. É iminente a necessidade de repensar os cursos de formação de professores de modo a aproximá-los dos desafios da escola contemporânea. Muitos dos cursos ainda apresentam currículos que formam professores para modelos tradicionais e pouco diversos de sala de aula, quando esta não é a realidade das plurais escolas do território brasileiro.

Outro grande desafio compete ao ''velho-novo Ensino Médio''. A Lei 13415 de 2017 modificou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e estipulou a mudança na estrutura do Ensino Médio, e que sofria e sofre com problemas diversos, tais como o abandono escolar, o absenteísmo, a falta de conexão da escola com o futuro dos jovens. A proposta tinha no papel elementos que pudessem solucionar os desafios acima, tais como aumentar a frequência escolar, e trazer um currículo mais relevante ao estudante.
A realidade é que hoje, o modelo vem sendo amplamente discutido, dado que os objetivos pretendidos não foram alcançados. Isso porque em diferentes escolas do Brasil, diferentes desdobramentos do novo Ensino Médio ocorreram, aumentando as disparidades, que já eram existentes, entre escolas públicas e privadas.

Participação ativa das famílias é mais um desafio contemporâneo da educação. No passado, as escolas eram vistas, de forma quase absoluta, como instituição inquestionável e certamente reconhecida por tomar as decisões mais responsáveis para seus alunos. Seria presunçoso não admitir que ter um olhar mais crítico sobre qualquer instituição é fundamental, pois estimula a melhoria e as melhores práticas. Mas ao mesmo tempo, hoje nota-se certo distanciamento da parceria das famílias com as escolas. Distanciamento este, claramente, fruto das novas dinâmicas de trabalho, das novas configurações familiares, da rotina acelerada das grandes cidades, entre outros. Aqui torna-se necessário que as famílias assumam esse lugar de aliadas e busquem sempre o diálogo junto às escolas de seus filhos. A confiança nos educadores é um passo fundamental para uma tríade de sucesso que apoia o estudante.

Alunos com necessidades educacionais especiais, quadros de ansiedade, transtornos de déficit de atenção, superdotação, quadros de depressão, ideação suicida: questões relacionadas a saúde mental estão cada vez mais presentes no dia a dia das escolas. Segundo dados do Censo de Educação Básica, em 2017, no Brasil, havia um pouco mais de 89 mil alunos dentro do transtorno do espectro autista em escolas brasileiras. Em 2023, esse número atingiu 607.144 estudantes. Ou seja, as escolas estão recebendo mais alunos com demandas que antes não eram tão frequentes. É fundamental, portanto, que a escola se debruce sobre um currículo que, além de teórico, possa desenvolver habilidades socioemocionais, que ajudam no desenvolvimento habilidades que podem ser aliadas à saúde mental.

Os atuais alunos da educação básica brasileira são, em sua maioria, indivíduos nascidos de forma imersiva em meios digitais, com estímulos constantes e acesso ao grande mundo da internet. Uma vez que grande parte das crianças já possui seu próprio smartphone, questões relacionadas a dificuldades de aprendizagem e cognição, problemas de visão, agressividade, entre outros, são riscos iminentes quando este convívio com os eletrônicos é hiperbolizado. As escolas precisam garantir diversas ações que passam desde a conscientização dos alunos e famílias quanto ao uso adequado de eletrônicos, formas de controle no ambiente escolar e desenvolvimento de cidadania digital.

Contudo, é possível avançarmos nessas frentes, seja apoiando iniciativas escolares, enquanto famílias buscando maior diálogo com as escolas e enquanto sociedade buscando maior responsabilidade para com a educação de nosso país. Tal qual disse o filósofo americano John Dewey, ''a educação não é preparação para a vida; a educação é a própria vida."
* Pedro Rocha é diretor de Ensino do Colégio e Curso Pensi