Marcelo Farinha é o novo presidente da FenaCap - Divulgação
Marcelo Farinha é o novo presidente da FenaCapDivulgação
Por Herculano Barreto Filho

Rio - De carona no novo marco regulatório estabelecido pela Superintendência de Seguros Privados (Susep), que entra em vigor a partir do próximo domingo, o setor de capitalização busca impulsionar outros produtos e se adaptar às novas tendências do mercado. Em meio a esse cenário, o Instrumento de Garantia Locatícia surge com potencial para alavancar o segmento. Em entrevista dada à coluna, Marcelo Farinha, que assumiu a presidência da Federação Nacional de Capitalização (FenaCap) na semana passada, também fala sobre as perspectivas do setor, como a busca de vendas por meios digitais.

Quais os avanços possíveis com o novo marco regulatório?

Isso vem sendo discutido com todo o segmento há algum tempo. É específico para comercialização de produtos de capitalização. Quem não estiver adaptado, não poderá comercializar produtos. Essa norma busca atender anseios e proteger o consumidor. Ela também busca mais transparência nas relações de consumo. O marco prega exigências e também traz outras oportunidades de negócios. Foram criadas duas novas modalidades: a Filantropia Premiada e a Garantia Locatícia. A ideia é que esses produtos atendam melhor os anseios do consumidor.

De que forma isso pode acontecer?

Essas modalidades estavam dentro da concepção do produto tradicional. A partir de agora, passam a ter modalidade específica e ganham relevância. É possível perceber uma evolução de desempenho dentro da própria indústria de capitalização. Nos primórdios, o foco era arregimentar poupança dos poupadores e transformá-la em uma grande reserva nacional. Com isso, é possível oferecer educação financeira para quem quer poupar. Mas a capitalização está evoluindo. Agora, oferece às pessoas a possibilidade de locar um determinado imóvel com o uso de uma poupança, que serve como garantia desse negócio. O segmento está atendendo a novas demandas dos consumidores. Pelas novas regras, ainda será possível triplicar o valor destinado para entidades filantrópicas.

A impressão é que uma parcela significativa da população ainda não sabe que tem a possibilidade de dispensar o fiador para alugar um imóvel. O novo marco regulatório também dá maior visibilidade ao produto? 

Exatamente. A modalidade de garantia, atualmente, é comercializada dentro do chassi tradicional. A partir do momento que você extrai e começa a focar em uma modalidade específica, você consegue dar mais visibilidade para o produto. A partir daí, você começa a pensar em ações. O segundo ponto é que a própria norma garante um diferencial que até então não existia. Se houver a extinção do produto ou resgate antecipado, as empresas têm que garantir pelo menos 50% do valor aportado. É, também, uma proteção ao consumidor, que a qualquer instante tem um piso de garantia de resgate. A partir da normatização, haverá segurança jurídica para a companhia e para o cliente. Mas há outras possibilidades que podem ser exploradas além da Garantia Locatícia.

É possível traçar novas perspectivas para o segmento nos próximos anos?

O futuro da capitalização no Brasil passa por outras descobertas que podem agregar valor aos negócios. Hoje, é um produto que tem um apelo adicional. Precisamos reinventar o modelo de negócio.

Esses novos produtos atendem a essa expectativa?

Atendem. Mas apenas se pensarmos em soluções de curto e médio prazo. Numa escala de adaptação dos nossos produtos, diria que demos um passo à frente e subimos um degrau com o marco regulatório. Podemos atender e proteger os clientes, trazendo novas modalidades com garantia jurídica. Precisamos dar outro passo que seria mais disruptivo.

Que passo?

Precisamos digitalizar os produtos e os processos. É inevitável. Começamos vendendo produtos de porta em porta lá nos primórdios. Já fizemos comercialização televisiva. Agora, precisamos dar um novo passo. É uma nova fronteira para que a capitalização possa permear a realidade dos usuários brasileiros. A próxima geração, que vai ser o novo consumidor, faz tudo pelo celular. Se a capitalização não estiver lá, não vai ter condições de se sustentar. O país deve passar por um processo de desregulamentação.

Como assim?

Precisamos dar um salto disruptivo para conquistar a nova clientela. E precisamos que essa regulamentação permita novas soluções. Foi o que aconteceu com o Uber, que entrou em funcionamento sem estar regulamentado. Foi preciso desburocratizar, regulamentar e permitir. Nesse mercado, nós podemos fazer isso acontecer de uma forma mais sutil. De um lado, a indústria busca a proteção do consumidor e a transparência nas relações de consumo. Do outro, o regulador busca uma regulamentação mais favorável para o cliente e para permitir novas soluções. Isso lança um olhar para um outro desafio: precisamos nos comunicar com a sociedade.

De que forma isso pode ser feito?

Precisamos demonstrar para a sociedade os benefícios que os negócios de capitalização podem oferecer, seja para uma empresa, para uma entidade filantrópica ou para o pequeno poupador. Isso precisa ser feito com novas práticas comerciais que incluam os meios digitais.

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