Eu dancei ballet por muitos anos, até dei aula, achei que era meu futuro até quando comecei a me interessar por moda. Aqui no Brasil eu estudei na Veiga de Almeida, no Rio, e depois fui estudar em Londres, na Saint Martin. Quando voltei comecei a trabalhar para algumas marcas, mas em paralelo, em casa, fazia vestidos de noivas para algumas amigas ou clientes indicadas e foi engrenando e crescendo. Quando vim para São Paulo abri um pequeno atelier no Jardins e fomos crescendo até chegar onde estamos hoje. Mas não foi nenhum conto de fadas, foi persistência mesmo, porque é matar um dragão por dia. E não é o fato de ser loira, olho azul que ajuda, pelo contrário, porque aí você é taxada da patricinha, que tem tudo na mão. Aqui nada veio de graça, apesar de pais e marido que sempre me apoiam, batalhei muito e te digo que até hoje a gente engole uns sapos.
No começo eu chegava até elas via assessoria de imprensa, mas isso foi bem no começo, porque depois os vestidos tomaram uma proporção tão grande que elas mesmas me ligavam pedindo para usar. Nossa técnica de fazer um vestido de renda, mas com o forro na cor da pele da mulher dando a impressão que ela está nua virou um hit, elas vinham com foto de outras clientes com um vestido meu e falavam que queriam aquilo, pois é um modelo que deixa a mulher extremamente sensual, mas completamente segura e protegida.
Tenho muito orgulho de ter estado no começo da carreira de algumas pessoas que hoje são amigas, posso te citar a Anitta, porque fomos a primeira marca de luxo a apostar nela. Teve Mariana Rios, Camila Queiroz, Marina Ruy Barbosa, entre outras. E te digo que quando é amiga, eu compro a causa. Eu soube que a Larissa Manoela tinha muita vontade de ir a um famoso baile, mas por ter acabado de completar 18 anos, tanto a revista que promovia o baile quanto o patrocinador não convidaram por receio. E como era o mesmo patrocinador da minha ação, eu bati o pé que queria ela no baile e vestida de Lethicia. Larissa é um sucesso, uma estrela que cada dia brilha mais, não tinha porque não batalhar por ela, mas em resumo: ela foi um sucesso enorme, uma das mais comentadas e eu me senti recompensada por ter feito parte desse momento. Tudo comigo é uma via de mão dupla, porque visto a camisa das que são minhas parceiras. Sempre que tenho oportunidade indico para fazerem as campanhas dos meus licenciamentos.
Algo que ela não aprovou nas conversas que sempre temos. Noivas são detalhistas, como elas já vêm com algo na cabeça, sabem tudo que pediram ou não. É a materialização do sonho delas.
Tudo! Se você acredita que aquilo vai te trazer sorte, vai firme e com fé (risadas). Além das dicas habituais, sempre vai ter a dica de uma amiga, uma parente. Esse é o dia que a noiva pode tudo.
Tenho a sorte de que quem procura a marca, já vem confiando, ou seja, facilita 50% do caminho. Claro que às vezes a gente precisa posicionar algumas porque vem com aquele staff enorme e todo mundo quer opinar na roupa, mesmo quem não entende. A facilidade é que a minha comunicação quase sempre é direta com a cliente e com os stylists, então o trabalho flui. É regra da maison trabalhar com padrão de qualidade alto. Fico muito orgulhosa de várias famosas que como você mesma diz, são exigentes sim, vêm até nós em busca de um vestido e falam que não abririam mão da minha modelagem e caimento por importado nenhum.
Não tem como te passar um número exato, porque no caso delas, elas pagam o valor de custo da roupa e o que seria nosso lucro, elas pagam em post nas redes sociais ou presença vip em evento meu.
Existe uma análise interna se a mulher que está pedindo está dentro do perfil da marca, qual retorno podemos ter com aquele empréstimo, se vale à pena estar no evento que ela vai, somos muito criteriosos nessa hora. Quando chega para eu decidir, já vem junto todo um estudo da pessoa que pediu, mas que fique claro, não dou vestido para ninguém, todos voltam e ficam no acervo da marca. Permuta total é algo muito raro, ainda mais nos tempos atuais onde as famosas usam os importados de graça e cobram para vestir as marcas nacionais. Deveriam valorizar as marcas nacionais.Aqui nunca pagamos para vestir ninguém.
Não vejo problema, afinal essa história do branco começou com a rainha inglesa Victoria, antes cada uma vestia a cor que gostava. O importante é a mulher estar feliz, não existe uma regra. É o dia que ela vai viver o conto de fada e como em conto de fada, todos seus desejos são possíveis.
Basta deixá-la segura. Uma mulher segura encara qualquer cor, modelo ou decote de roupa.
Sempre dou passos bem pensados na minha carreira e levou algum tempo para eu investir no mercado internacional. Só tomei essa decisão depois de entender que estava consolidada aqui no Brasil. Tem sido muito trabalhoso já que é um mercado muito diferente, mas a aceitação está sendo muito boa, porque eles valorizam uma peça que é única, feita 100% artesanalmente. Hoje, no Brasil, são poucas as marcas que tem esse trabalho de fazer tudo internamente sem usar produtos trazidos da China. Os bordados na Maison são todos feitos por mão de obra brasileira e às vezes leva 30 dias para ficar pronto. Quando você mostra isso lá fora elas ficam encantadas, porque no mundo são poucas as marcas que tem essa preocupação do trabalho artesanal e interno, posso te citar como exemplo a Chanel.
Opa, claro! O pessoal pega revista de moda, foto de entrega de prêmio internacional e afins e vem com a fotinho dizendo que quer um igual aquele. Aí você tem que sentar, explicar calmamente que não copiamos nada, que podemos pensar em algo exclusivo para ela com características que ela goste. Graças a Deus elas sempre confiam e o resultado é sempre muito bom.
Eu sento com a cliente e ouço tudo que ela gosta, o que não gosta, tento ler o perfil dela para apresentar algo que seja ela. Essas conversas levam em média 2 horas, porque depois de ouvir tudo aí eu começo a apresentar idéias, vemos juntas rendas, tecidos, cor... enfim, cada detalhe para que o vestido tenha a personalidade de quem vai usar.
Porque acredito muito em falar com todos os públicos. Recebo mensagem de muitas pessoas falando que sonham em usar Lethicia, então através dos licenciamentos procuro fazer produtos mais acessíveis, mas sem perder a qualidade. Sou muito caxias com isso. Sempre ouço dos diretores das marcas que sou uma das poucas que faz questão de acompanhar todo processo, ir para fábrica, aprovar peça por peça das provas. Já cheguei a ir para China em pleno inverno para poder acompanhar a produção de um licenciamento lá. É o meu nome que vai na etiqueta, então cuido mesmo.
Ela quer ser única. A mulher Lethicia quer chegar e que a festa toda a perceba. E é essa segurança que ela sente quando usa uma roupa nossa. Ela quer ser sensual e chique se sentindo poderosa.
O que é caro para você? Seu sonho tem um preço? Qual é esse preço? Vamos trabalhar em cima desse valor. Claro que um vestido sob medida e exclusivo tem um preço mais alto, mas temos a nossa coleção a pronta entrega. Não faço só vestidos de noiva ou festa, temos o jeans, camisas, vestidos prontos, tudo é possível.
Porque muitas clientes viviam pedindo roupas para usar no dia a dia, não queriam estar de Lethicia só em festas, queriam a mesma segurança e qualidade de roupas para trabalharem, fazerem happy hour e atividades corriqueiras. Hoje com nosso 'casual', vestimos desde a mulher que vai almoçar com as amigas até as maiores executivas do país. Quando digo do país é que porque temos clientes nos 4 cantos, desde de Belém, até o Rio Grande do Sul. As mulheres do Nordeste, Brasília, Goiânia, são grandes compradoras.
Deixa eu te corrigir: eu tenho duas filhas, não esquece da Gisele, minha filha de 4 patas (risadas). Como toda mulher brasileira, a gente aprende a se virar para dar conta de tudo, porque existe sim uma cobrança para que a gente dê conta de tudo, que seja mãe presente, que cuide do jantar, mas que também seja uma empresária de sucesso. Tenho uma equipe maravilhosa, mas muita gente fica surpresa quando chega no ateliê e me vê trabalhando na produção. Eu deixo a parte da manhã do dia para ficar com a minha filha Pietra, a Gisele vai trabalhar comigo todo dia e sempre programo algumas viagens no ano só eu e meu marido. Não vou mentir e falar que é fácil organizar tudo, porque não é, mas acho que tenho me saído muito bem.
Várias. A Gabriela Pugliesi, que é muito minha amiga, além de cliente, já nem faz mais as provas de roupa. Conheço tão bem o corpo dela que ela diz o que quer e confia que na entrega vai estar certinho. A Sabrina Sato é uma cliente que o que ela usar num dia, no outro tenho uns cinco pedidos do vestido. Marina Ruy Barbosa, com o vestido que usou na estreia da novela 'Amor à vida', é um dos modelos mais pedidos e procurados até hoje. A Jennifer Lopez ganhou da Claudia Leitte um vestido nosso quando foram cantar juntas na Copa do Mundo. A Jennifer gostou tanto que colocou o vestido na hora do evento. O primeiro Baile da Vogue da Mariana Rios ela estava de Lethicia Bronstein, um vestido que virou icônico e um dos mais lembrados no baile. Esse vestido foi pensado numa conversa por telefone e apesar de todo cheio de detalhes, porque era cheio de fendas, só houve duas provas porque ela estava gravando alucinadamente.